Agora, neste período de abundância (para muitos indesejada) de chuva, lembrei-me deste poema que escrevi há já algum tempo. Os que não têm memória não entendem o que é a chuva e o seu valor para a terra – em especial para a terra seca, espremida até de sonhos.
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- COMO GRITARAM EM 47
O sol nasceu
com a impiedade de quem ama todos
da mesma forma.
De repente, um grito assola o dia.
Um grito de mulher:
– Ó povo!, q´dime... nhe fidje já morrê.
Já ninguém ouvia.
Trabalhavam os homens nos campos de pedras
e no porto ingrato;
espremendo a terra seca,
as mulheres pariam filhos para terra-longe consumir;
os meninos dormitavam nos sonhos ocidentais
e caminhava o dia triunfante
no descanso e na beleza. - Iamgem: Hector and Andromache, De Chirico
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