domingo, 14 de setembro de 2008

  • A INTERBASE NÃO É PARA REMEDIAR

A resposta imediata que as estruturas políticas cabo-verdianas deram à tragédia da Interbase é um facto de assinalar e de louvar; pudesse ser sempre assim com outras tragédias, menos visíveis mas não menos reais, que o país vai vivendo e estaríamos num outro estágio de desenvolvimento real. Agora, sobre a Interbase em si, dois aspectos me parecem de atentar.

Um é o governo assumir – como é seu dever, tendo em consta a importância económica da estrutura – a reconstrução imediata da Interbase, outra é não se ter notícia da assunção da responsabilidade da Seguradora para quem terá sido (naturalmente) transferida a responsabilidade em casos desta natureza. Será que a empresa não tinha o seguro adequado e necessário? Não creio; mas o silêncio sobre esta matéria parece «dizer» que sim. É que fica bem ao governo assumir o pagamento dos salários dos trabalhadores – o que é, em verdade, ter percepção correcta da realidade social dos magríssimos salários que os cabo-verdianos recebem e das dificuldades que têm quando falha um mês de remuneração – mas tal deverá ser ressarcido pelo seguro, naturalmente. O governo dá, depois terá de receber, senão alguma coisa não estará a funcionar como deve ser.

O outro é uma evidência – mas convém atentar-se nisso pois «o que estraga a vinha não são as raposas mas as raposinhas»: a Interbase não pode ficar no sítio onde se encontra as actuais instalações; tem de mudar de localização, de preferência para os limites da cidade. A decisão governamental de construir instalações de base ajuda(rá) à essa decisão, espero.

Mas essa é uma situação concreta e que serve de aviso; há que pensar-se no futuro. O governo tem de pensar em encontrar uma solução para os depósitos de combustíveis e/ou produtos de fácil combustão do centro das cidades e/ou próximas de residências e zonas comerciais nevrálgicas como era/é a Interbase. Tem custos económicos consideráveis, sim; mas imaginemos que o fogo tivesse tomado outras proporções...

Prevenir é necessário. Temos as nossas limitações, mas também devemos ter prioridades; de outro modo estaremos sempre a remediar e, como agora, a gastar dinheiro (14 milhões de euros, como é noticiado) que faz falta ao país noutras áreas a carecer de cuidados imediatos e intensivos – como melhorar os salários da classe operária e trabalhadora mais desfavorecida.

  • Mato Inglês (depois da chuva), S. Vicente

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