- ANGOLA. O CAMINHO DE UMA RUPTURA CONSTITUCIONAL?
A confirmarem-se os resultados provisórios das eleições em Angola, a UNITA sofre uma derrota estrondosa e o MPLA recebe um voto de confiança do povo angolano que não terá visto nas forças politicas opositoras capacidade para uma mudança política e social do país.
Agora, a e as consequências politicas imediatas? A primeira é que o MPLA vê a sua governação ratificada pelo povo e, com esse voto de confiança, não verá a necessidade de acelerar as reformas sociais e económicas que o país carece. O mesmo não se dirá das reformas políticas, pois a maioria qualificada que se antevê permitirá ao MPLA rever a Constituição e, se não resistir à tentação, perpetuar-se no poder.
O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, pode, agora, pensar num passeio nas próximas eleições presidenciais – eventualmente com uma nova Constituição, um sistema presidencialista e um mandato alargado (que, logicamente, será um mandato de um mandato único de sete anos...). A UNITA, confirmando-se a pronunciada derrota estrondosa, não resta(rá) nada mais do que impugnar as eleições – no que, certamente, não logrará sucesso; mas tem de fazer esse papel numas eleições em que tinha a derrota anunciada – e preparar-se para mais um longo período de oposição, agora mais fragilizada do que nunca.
A segunda é uma evidência: termina o ciclo de Isaías Samakuva como dirigente máximo da UNITA e inicia-se um novo estado de graça para José Eduardo dos Santos que pode, assim, ter uma nova oportunidade para sair do poder com tranquilidade e – tendo em consideração o ciclo de desenvolvimento económico do país – fazer um trabalho a pensar no povo. A UNITA tem de entrar em período de reflexão, mudar de líder e descortinar a razão de uma derrota tão esmagadora; não pode fazer mais, pois não tem meios e revela incapacidade para mais – e deve(rá) estar atenta para não deixar de ter ainda menos meios e falir como força política.
A culpa é da confraternização com o adversário? Também é; mas existem razões bem mais profundas para esta derrota… e não são assim tão difíceis de identificar.
A realidade é que o MPLA – com uma penetração social inusual nas sociedades modernas – soube passar a mensagem de uma mudança social e económica efectiva; agora é que é, pensa o povo. Espero que sim, que os dados macroeconómicos do país e a visibilidade que vai tendo para os cidadãos (ainda que os mais pobres continuem mais pobres) se venha a concretizar no futuro e o povo não venha a ter mais do mesmo.
Esta ideia de mudança real e efectiva – com a dinâmica própria das vitórias e que o Presidente do MPLA sabe tão bem gerir – pode, muito bem, sustentar uma mudança de regime com legitimidade democrática. Surpresa será, para mim, isso não acontecer.
«Quem gosta de luxo é pobre», diziam Joãozinho Trinta e Vinicius de Moraes; e é verdade, quando mais pobre mais se gosto do luxo e se sonha com ele. E o povo angolano gosta do luxo dos seus governantes, e sonha que é rico (como ou europeus pobres com o euro milhões) e que um dia também terá o seu quinhão dos frutos civis dos diamantes e do petróleo; assim como do ouro e da terra não exploradas. O MPLA vendeu isso ao povo (já o tinha feito a muitos membros dos outros partidos políticos, conseguindo com isso adormecê-los e minar a sua influencia social e autoridade moral), e, pelos vistos, vendeu bem.
Agora, a e as consequências politicas imediatas? A primeira é que o MPLA vê a sua governação ratificada pelo povo e, com esse voto de confiança, não verá a necessidade de acelerar as reformas sociais e económicas que o país carece. O mesmo não se dirá das reformas políticas, pois a maioria qualificada que se antevê permitirá ao MPLA rever a Constituição e, se não resistir à tentação, perpetuar-se no poder.
O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, pode, agora, pensar num passeio nas próximas eleições presidenciais – eventualmente com uma nova Constituição, um sistema presidencialista e um mandato alargado (que, logicamente, será um mandato de um mandato único de sete anos...). A UNITA, confirmando-se a pronunciada derrota estrondosa, não resta(rá) nada mais do que impugnar as eleições – no que, certamente, não logrará sucesso; mas tem de fazer esse papel numas eleições em que tinha a derrota anunciada – e preparar-se para mais um longo período de oposição, agora mais fragilizada do que nunca.
A segunda é uma evidência: termina o ciclo de Isaías Samakuva como dirigente máximo da UNITA e inicia-se um novo estado de graça para José Eduardo dos Santos que pode, assim, ter uma nova oportunidade para sair do poder com tranquilidade e – tendo em consideração o ciclo de desenvolvimento económico do país – fazer um trabalho a pensar no povo. A UNITA tem de entrar em período de reflexão, mudar de líder e descortinar a razão de uma derrota tão esmagadora; não pode fazer mais, pois não tem meios e revela incapacidade para mais – e deve(rá) estar atenta para não deixar de ter ainda menos meios e falir como força política.
A culpa é da confraternização com o adversário? Também é; mas existem razões bem mais profundas para esta derrota… e não são assim tão difíceis de identificar.
A realidade é que o MPLA – com uma penetração social inusual nas sociedades modernas – soube passar a mensagem de uma mudança social e económica efectiva; agora é que é, pensa o povo. Espero que sim, que os dados macroeconómicos do país e a visibilidade que vai tendo para os cidadãos (ainda que os mais pobres continuem mais pobres) se venha a concretizar no futuro e o povo não venha a ter mais do mesmo.
Esta ideia de mudança real e efectiva – com a dinâmica própria das vitórias e que o Presidente do MPLA sabe tão bem gerir – pode, muito bem, sustentar uma mudança de regime com legitimidade democrática. Surpresa será, para mim, isso não acontecer.
«Quem gosta de luxo é pobre», diziam Joãozinho Trinta e Vinicius de Moraes; e é verdade, quando mais pobre mais se gosto do luxo e se sonha com ele. E o povo angolano gosta do luxo dos seus governantes, e sonha que é rico (como ou europeus pobres com o euro milhões) e que um dia também terá o seu quinhão dos frutos civis dos diamantes e do petróleo; assim como do ouro e da terra não exploradas. O MPLA vendeu isso ao povo (já o tinha feito a muitos membros dos outros partidos políticos, conseguindo com isso adormecê-los e minar a sua influencia social e autoridade moral), e, pelos vistos, vendeu bem.
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- Imagem: Infinite checkers, Akerra
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