terça-feira, 30 de setembro de 2008

  • UM NOVO PARADIGMA SOCIAL E ECONÓMICO PRECISA-SE?
«A queda do socialismo não significa a vitória do capitalismo», sentenciou o João Paulo II, depois da queda do murro de Berlim. Não o compreenderam, até agora!

Esta(re)mos, a nível global, perante uma sociedade em «vias para o socialismo», como dizia a versão originária da Constituição portuguesa de 1976 ou em transição para o «socialismo do Século XXI» de Hugo Chaves? A «natureza humana» (acicatada pelo hedonismo crescente) é, do meu ponto de vista, incompatível com esse objectivo; e isso terá sido o maior erro dos mentores do socialismo democrático. Mas é possível uma aproximação da realidade à utopia, sim...

O neo-liberalismo selvagem não está no ocaso; simplesmente faliu. O FMI, o Banco Mundial, o Bancos Central Europeu, A Reserva Federal dos EUA e os bancos centrais da China, Japão, etc., podem pensar numa panaceia qualquer, mas, depois da presente crise de «modelo» económico, a realidade vivida até então não pode nem deve ser ressuscitada!

O século XXI ainda não viu nem viveu nada parecido – em todas as esferas sociais – e será marca definitiva na história, assim como foi crise de 1929 (que teve tantas consequências sociais e políticas – o resultado das eleições na Áustria são «danos colaterais» disso mesmo) ou o Plano Marshall no século XX.

Será que é agora que o «socialismo de rosto humano» reclamado pelos pobres do Mundo terá a oportunidade de ser curada pelos poderosos e detentores dos meios económicos e de produção do planeta? Não creio, mas não custa ter esperança; pois não?

Com a crise económica, esqueceu-se a crise alimentar (que é parte integrante do problema) que afecta os mais pobres. A verdade é uma: ou se acaba com a crise, ou a crise acaba connosco; a começar por nós, os mais pobres! Sem um Mundo solidário não há ciência que nos salve; pois, como bem dizia T.S. Eliot, «a única sabedoria que uma pessoa pode esperar adquirir é a da humildade», a humildade de reconhecer que o sistema, cimentado sobre Bretton Woods (sobre o seus despojos, melhor dizendo), caducou.

É necessário um novo paradigma económico – com ou sem as instituições de emergentes de Bretton Woods, de preferência aproveitando a experiência destas instituições –, mas que seja, ao mesmo tempo, um sistema com preocupações sociais efectivas e não meras gestoras de meios e instrumentos económicos e financeiros que, na senda do «lucro, lucro, by all means necessary», geram a desigualdade entre os povos e as nações.

Vamos ver o que pode(rá) do conclave económico de Paris que o Presidente Sarkosy convocou para a próxima semana. Que não seja mais do mesmo, até porque sem os Estados Unidos – mesmo em crise profunda – não se irá muito longe em termos de revisão do sistema monetário e económico internacional; para não falar das potências emergentes da Ásia, que não se resume) longe disso) à China...
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  • Imagem: Paisajes de Espana, Thomas Kinkade

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