Na noite longa
minha alma
chora sua fome de séculos.
.
Meus olhos crescem
e choram famintos de eternidade
até serem duas estrelas
brilhantes
no céu imenso.
.
E o infinito se detém em mim.
.
Na noite longa
uma remotíssima nostalgia
afunda minha alma
e eu choro marítimas lágrimas
enquanto meu desejo heróico
de engolir os céus
se alarga
e é já céu.
.
Tenho então
a sensação esparsamente longa
de vogar no absoluto.
--- Mário Fonseca (poeta cabo-verdiano)
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