quinta-feira, 14 de maio de 2009

  • BERLUSCONI E O PERIGO EUROPEU
«Não vamos abrir a porta a todos, como fez a esquerda, que tem a ideia de uma sociedade multiétnica. Nós, não. Só queremos acolher acolher aqueles que reúnem as condições para obter o asilo político” – disse Silivo Berlusconi, Primeiro Ministro italiano. Fiquei estupefacto com esta afirmação de Berlusconi, sabia-o um fascista de pacotilha, um inculto, mas nunca um inculto primário, que cede as memórias da sua nação à propaganda populista e trucida babaramente a história da sua nação... e da Europa.

O que é triste é que o que Berlusconi diz não é fruto do novo fascismo italiano que ele encarna, não: é o pensamento de grande parte dos líderes europeus e parlamentares no Parlamento Europeu. A Directiva de Retorno (que foi aprovado na ausência de alguns parlamentares que se dizem defensores dos direitos dos imigrantes – como é o caso da socialista Ana Gomes) é a prova acabada deste pensamento excludente, desta aparofobia militante de grande parte dos políticos europeus e que a «crise» ajuda a sustentar e a justificar.

Berlusconi pode ser uma nulidade (só pode ser!, para dizer o que disse) na história do seu país – aquele que mais frutos deu no plano da multiculturalidade e que não tem nada a ver com a “esquerda” – mas não é um político inocente. E porque é um político inocente que recordo as palavras do Reichsmarschal Hermann Goering, Comandante da Luftwaffe (Força Aérea da Alemanha Nazi), durante os Julgamentos de Nuremberga: «Com voz ou sem ela, o povo pode sempre ser levado a submeter-se à vontade dos dirigentes. É fácil. Tudo o que se tem de fazer é dizer-lhe que está a ser atacado, e denunciar os pacifistas por falta de patriotismo e por exporem o país ao perigo». É esta a escola política de Silvio Berlusconi, Jean- Marie Le Pen e outros que seguem os seus passos, ainda que digam o contrário – a verdade é que fazem o mesmo. A vergonha de Lampedusa pode ser vista em Ceuta, Mellila, Dover...

Um dia destes vamos ver este campos de contenção de imigrantes invasores a serem instalados, além de Marrocos, em Cabo Verde e outros países africanos da costa do Mediterrâneo. O que digo não é um exercício de prognosticação; não. É mais simples e previsível das situações e que o mais comum dos mortais deve(rá) esperar. Não me admiraria nada que esse ponto viesse a ser uma das bases do Acordo Especial entre Cabo Verde e a União Europeia – um dos aspectos é segurança, logo, subsumível ao PESC: Política Europeia de Segurança Comum que justificam Schengan, Lampedusa, Mellila, a Directiva de Retorno.

A lógica de sociedade fortaleza versus sociedade de mão-de-obra fast food trará a Europa muitos mais dissabores do que se mostra capaz de prever. É um sono da razão? Talvez seja, pois como bem diz Goya: «o sono da razão engendra monstros»; digo mais: alimentámo-los. E temos alguns a caminhar entre nós. Agora, de repente, lembrei-me, de uma carta que li no outro dia: de PIO XII a Adolfo Hitler – silenciarmo-nos perante os monstros ou ignorá-los, é uma forma de os alimentar, sem dúvida. Uma Europa que quer ser campeã dos Direitos Humanos não pode tolerar fascistas e ditadores disfarsados de democratas como Silvio Berlusconi & co., nem ter as políticas de imigração que tem, pois perde toda a sua autoridade moral para apontar o dedo a Hugo Chavez, ao Castrismo, ao embargo norte-americano a Cuba (cuja indignidade os europeus fingem não existir) e outras maldades que grassam no Mundo.

Imagem: Foto da capa de uma das primeiras edições do livro A Minha Luta, de Adolfo Hitler (livro editado em tempo de grande crise...).

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