Porque o prometido é devido, cá fica o poema.
- A LIVRE NECESSIDADE
pão na mesa de mármore beduíno
— pois se sigo para a direita é porque a esquerda
já foi virgem suada, colhida,
escorregada do seu paraíso, sonho teu.
Não te mato, porque sou escravo da minha memória,
dos meus desejos de ti. Nada é mais que tudo.
— Oh! tubérculo de sonhos meus te fiz, e ressuscitei
como Deus a experimentar ser Adão e Eva
na esquina nocturna das pétalas de corvo,
as que gemem de frutos silentes nas tuas mãos
pendendo: escuto essoutro eu a arrulhar-te
nas madrugadas incubas.
Existirá do outro lado do coração
coisa mais funda que carne presa, exalo escravo?
A minha enxada de lua, esgravata a mina de alma-tua.
Alma-tua! — escrava de milongas.
Imagem: H.G. Giger
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