sexta-feira, 30 de outubro de 2009

PUSHKIN E ANNA KARÉNINA DE TOLSTOI

Por vezes fazemos e dizemos coisas cujas consequências não somos capazes de imaginar. O acidente, o incidente ou, simplesmente, o que compartilhamos pode gerar mundos.
A propósito da língua, no outro referia-me a Pushkin e a Gogol e recebi um e-mail a perguntar-me a que isso tinha a ver com a língua, que o cabo-verdiano é sui generis, que é uma coisa nova e grandiosa. Sorri, pois só poderia fazer isso — perante isso e outras coisas mais.

O que me lembrou da sábia asserção de Salomão: nada há de novo debaixo do Sol; sim tudo tem uma origem, uma razão e um sentido. Aconselhei uma amiga a ler Anna Karénina uma das maiores obras da história da literatura — de Tolstoi. Decorria o ano de 1875 quando o Conde Tolstoi recebeu na sua casa em Yasnaya Polyana a visita de um familiar, cujo nome não vislumbro de momento (se calhar não sei, pois se soubesse lembrar-me-ia), que estava a ler Pushkin. Esse bendito afro-russo, o maior dos poetas de língua russa e inspirador das melhores obras de Nicolai Gogol — pater do realismo russo — estava, sem saber, prestes a legar mais à humanidade estética.

Por mero acidente, na verdade curiosidade que um escritor não excessivamente arrogante tem, Tolstoi agarrou na obra e, enquanto dava «uma vista de olhos» na obra alguém entrou na sala e ele exclamou:
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— Aqui está uma coisa deliciosa! Esta é a forma de escrever! Pushkin vai ao coração da matéria!
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Tolstoi ficou de tal modo impressionado com a assertividade e clareza de Pushkin que se reviu, imediatamente, na sua escrita. Sem mais, pediu para não ser interrompido a nenhum pretexto ou razão e fechou-se na sua livraria. E começou, nesse momento, a escrever a sua obra maior: Anna Karénina. Levaria anos para a terminar, iniciando-se a sua publicação no Mensageiro Russo de 1875. Momentos, despertares

Imagem: Alexander Pushkin

1 comentário:

Anónimo disse...

Hello. And Bye.