sexta-feira, 9 de outubro de 2009

  • AS PILULAS E A BIBLIA ALUPEC
Foi anunciado e vendida a ideia de que a Bíblia tinha sido traduzida para a língua cabo-verdiana, usando-se o ALUPEC. Bem, procurando aqui e acolá o que se descobre e se verifica é que a Bíblia não foi, ainda, traduzida para o cabo-verdiano, usando-se o Alfabeto Cabo-verdiano aprovado pelo Decreto-Lei nº.8/2009, de 16 de Março.

O que foi traduzido, e que foram publicados depois da entrada em vigor do Decreto-Lei nº.8/2009, de 16 de Março (certamente à pressa, por razões políticas que se compreendem…), foi o Evangelho Segundo de Lucas e o livro dos Actos dos Apóstolos, o terceiro e o quinto livros, respectivamente, do Novo Testamento. Estes dois livros, particulares, diga-se, constam de um universo de 66 (sessenta e seis) livros que constituem a Bíblia protestante ou de 73 (setenta e sete) livros da católica que, na perspectiva protestante/evangélica tem sete livros apócrifos. É uma discussão que vem desde o tempo do Decretum Gelasium e do Concílio de Nicéia, mas que tem influências fundamentais nas traduções das Memórias dos Antigos – como os textos do Novo Testamento era chamado no período pré-niceano, nomeadamente pela Escola de Alexandria — que, muitas vezes, se tornam verdadeira interpretações; isso em línguas com formas sedimentadas.

Mas isso para dizer que foram traduzidos dois livros, e não a Bíblia. Mas porquê o Evangelho de Lucas e o de Actos dos Apóstolos? — perguntar-me-á? Lucas era médico de profissão, mas ficaria conhecido como historiador ao procurar com o seus textos fazer prova da passagem de Jesus Cristo na terra. Dos livros do Novo Testamento, o Evangelho de Lucas é/será o mais fácil de ser traduzido (entres os Evangelhos) e o texto histórico de Actos dos Apóstolos
também atribunido a Lucas — não terá as dificuldades de, por exemplo, o Evangelho de João, ou as Epístolas paulinas de Efésios, I Tessalonissenses, Romanos ou o texto epistolar aos Hebreus.

Mas não lavro esta nota por causa disso, é só para anotar que muito provavelmente não lerei a Bíblia em Cabo-verdiano tão cedo como esperava. Assumir-se um projecto de a Biblia em Cabo-verdiano corrente, como a Bíblia Viva ou a Good News Bible pode(rá) ser a solução para se ultrapassar os problemas que o Alfabeto alupekano não consegue resolver. Mentir, ka ê kusa bunito! Uma leitura capítulo XX, versículo 16 do segundo livro da Tora é aconselhável, com carácter de urgência. E só não, não mando ler o versículo 44 do Capítulo VIII do Evangelho Segundo João porque é violento, e fico-me por aqui.
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Imagem: Menino(s) de Oiro e as pilulas...

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