sábado, 26 de dezembro de 2009

  • E SÓ NESSE DIA OUTRO BORGES NÃO SERÁS

    Nos teus deslumbrados olhos um tigre inteiramente doirado
    E um outro inteiramente preto disputam os anjos

    De Blake. Frios, esperam os espelhos que acordes
    Para que te nomeiem. Já não sabe o labirinto

    Nem o sul e as pampas ou o degolado templo
    De Dagon o sabem — do antigo e secreto caminho

    Que a teus olhos de volta conduz. A mão dita-te
    O epitáfio e lê-te a rosa o esquecimento qu’inda luz.

    O caixão, que por Genebra ninguém viu passar, cru
    Levam-no Muraña e, reconciliados, os irmãos Iberra.

    Um dia, quando do teu sono acordares, Georgie,
    Banhada em êxtase e tango, terás defronte a ti, sob a Lua,

    Um infame, um vil, a limpar-te na glande o resto do sêmen
    Com uma navalha que a mais nenhuma mão obedecerá.

---- Vadinho Velhinho

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