quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

  • NATAL — A PAGANIZAÇÃO DO CRISTIANISMO
O Natal. É uma das histórias mais fascinantes da bibliografia ocidental. A Gelásio I, Júlio Africano e Constantino I se devem, em grande parte, a existência desta história — como a conhecemos hoje. A natureza cristã de Gelásio e de Africano são inquestionáveis, já de Constantino I... Este, Imperador romano do ocidente, é tido como o primeiro imperador cristão. O que não é, em boa verdade, uma afirmação que seja historicamente sustentada. O primeiro imperador cristão precede-o em um século, mas isso fica para outro momento, outras núpcias e local. Constantino, na verdade, era pouco cristão — no sentido próprio da palavra.

Procurando vestígios numismáticos (procurava uma moeda de Tibério — a que Jesus Cristo terá tido nas suas mãos — e uma de Clodio Albino) para um documento, deparei-me com esta moeda de Constantino — e que prova o que eu sempre pensei dele: era muito pouco cristão e ostentava uma vaidade extrema, o que é coisa pouco cristã. A moeda diz D N CONSTANTINVS P F AVG na cara da moeda. Isto é, Dominus Nostrum Constantinus Pater Felix Augustus. No verso da moeda — vê-se o símbolo da deusa da vitória e um extraordinário quatro vezes Augusto (!!!).

Um cristão nunca usaria estes símbolos (note-se que o Imperador Adriano desencorajava o uso do termo Dominus=Senhor e Alexandre Severo recusaria o título). Ao ver este registo numismático consegui perceber como Constantino logrou convencer Lícínio — Imperador romano do Oriente — a ditar o Édito de Milão ou Édito da Tolerância de 313 d.C e, no processo, fazê-lo desaparecer da história. O cristianismo tornou-se, então, res publica — coisa pública, objecto do Império enquanto religião oficial que procederia à nacionalização dos deuses dos povos do império e os renomaria de deuses a santos.

Resta aqui a origem da Igreja Católica Apostólica Romana, e a paganização do cristianismo. O nomen de cristão de Constantino I foi uma acção política, a pax romana sem espada, a pax romana do verbo divino. Teve, concedo, qualquer coisa de génio: uma visão extraordinária do Mundo unido sobre o mesmo lema sem se recorrer à força. Maomé faria a sua imitatio, e também lograria sucesso. Constantino não era um cristão, era um político! A sua mãe, Helena, sim; ela era uma cristã devota. E celebramos o Natal, uma festa uma festa de origem afro-asiática
Horus, fugindo de Set, sempre chegou ao Egipto! e Júlio Africano dir-nos-ia que foi a 25 de Dezembro que Jesus Cristo nasceu, e seguiu as mesmas pisadas de Horus (Ah! Esquecia-me: o Deus menino africano, Horus — assim como Mitra — nasceu no dia 25 de Dezembro).

A vitória do cristianismo de Constantino foi a derrota do cristianismo de Jesus Cristo que Tertuliano, Origenes e os pater da igreja de Alexandria fundamentaram e sustentaram. A vitória do cristianismo foi uma vitória pírrica, como se vê hoje.

Imagem: Aureos ou solidus de Constantino I

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