domingo, 15 de junho de 2008

  • MEMÓRIAS DE AMANHÃ

    Escutava o poeta vertendo à beira-mar
    a sua alma em verdade:

    «Amar-te-ei mais do que a glória
    e menos do que a honra e o amor à vida.
    Trarei o suor de Agosto
    ao teu Inverno e, pejado de ti,
    serei teus passos arrojados à sombra
    das madrugadas solares
    e da bruma dos teus beijos mulatos.

    Seremos porto final de nós, lenda
    cavalgando nos sonhos cavados,
    ordem natural do desejo e nada,
    nada mais que todas as horas ansiadas
    nos doces gemidos sim
    que, de ti, curam em mim a vida.»

    E depois, depois remeteu-se ao silêncio,
    assim como pensamos que Deus está,
    mas não – tem a voz embargada .
    Virgílio Rodrigues Brandão, Lisboa, 15.06.08

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