terça-feira, 17 de junho de 2008

  • ANA IS BACK TO HAPPYNESS
A Ana Maria Dias Rodrigues voltou ontem à Escola Januário Leite, no Paul. Ao que parece, o bom senso e a consciência de uma injustiça clamorosa que sobre ela impendia imperou e a Ministra da Educação terá tomado uma decisão sobre a sua situação.

A sua reacção à notícia – que recebeu por telefone – de que poderia voltar a frequentar o estabelecimento de ensino é a mais pungente e simples de todas: – Estou feliz!

A felicidade de aprender – lembro-me dessa sensação, quando era menino em Mindelo... – que quiseram retirar-lhe de uma forma que, no mínimo, se pode dizer arbitrária.

– E o que aconteceu, o que lhe disseram? – perguntar-me-ão.

Pois bem, o que aconteceu foi nada. Chegou à Escola e ninguém lhe disse nada, ninguém justificou nada, nem a acção do seu afastamento do estabelecimento de ensino nem a razão da sua readmissão no mesmo. Mas, para a Ana Rodrigues, que interessava isso, se tinha alcançado a causa da sua felicidade?

Não aconteceu nada, parece. Mas aconteceu, sim; todos sabemos o que aconteceu. A Ana, mais do que ninguém, sabe o que aconteceu; e o que aparentemente não aconteceu.

Por agora, o que importa é que a Ana Rodrigues está feliz, voltou para a Escola. O Mundo não é feito de avestruzes, não; mesmo que assim possa parecer. O que sei é que, também, é feito de felicidade; a dos outros é, não raras vezes – como agora – a nossa. Infelizmente, este mundo está pejado de vítimas como a Ana e de injustiças, a maioria delas escondidas nos silêncios da impotência.
  • La infanta, Salvador Dali, 1961

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