segunda-feira, 30 de junho de 2008

  • A EUROPA MESTIÇA NÃO GOSTA DE CRIANÇAS

Portugal e a Europa em geral atravessam uma depressão demográfica que, neste momento, é mais do que conjuntural. É sintoma de algo mais do que parece – dir-me-ão.

Portugal, que anuncia politicas de incentivo à natalidade, aprovou a lei de liberalização do aborto – que irá, certamente, fazer nascer muitas crianças... –, não tem uma política para as famílias numerosas (como acontece, v.g., em Espanha), o desemprego grassa entre uma juventude sem horizontes e outras coisas mais...

E depois, há coisas preciosas como o facto de o IVA (Imposto sobre o Valor Acrescentado) de um preservativo ser de 5%. (noutra perspectiva, acho que deveriam ser gratuitos – na verdade até são oferecidos nos Centros de Saúde mas as pessoas preferem comprá-los) e o de IVA de uma cadeirinha de automóvel – obrigatória para o transporte de crianças até aos 12 anos – ser de 21%.

Os imigrantes (que parecem gostar de gerar e de parir filhos), que nos últimos anos têm contribuído para o aumento da taxa de natalidade em Portugal e em outros países da Europa, são agora vistos como personas non gratas no velho continente.

Se aliarmos esta realidade com o facto de que se pretende expulsar 8 (oito) milhões de imigrantes «ilegais» da União Europeia – crianças inclusive – se poderá chegar à conclusão de que a Europa não gosta de crianças.

É, de todo, uma falácia. Mas que parece, parece. O que sei, isso sim, é que os países ricos sofrem de depressões demográficas pela simples razão de que trocam o valor de uma família com filhos ou numerosa por contas bancárias recheadas, «sucesso» e outras coisas fungíveis.

É a doença dos ricos, a crise da abundância que afecta a vida; a Europa envelhece não somente nas estatísticas mas na alma. O velho mundo é, cada vez mais, um mundo de coisas, sucata e dinheiro; as pessoas ficam em segundo plano assim como os demais valores da humanidade.

Mas, é uma inevitabilidade, a Europa está condenada a ser uma Europa mestiça. Os europeus, assim como os africanos, não conhecem a sua história ou tentam ignorá-la – como os Senhores Berlusconi e Sarkosy. Mas não é que o Imperador romano Caracalla – que publicou o «Édito de Caracalla» – era filho de pai africano (Septimius Severus), mãe síria (Julia Domna) e nasceu em França (Lyon)?

Esse tornou cidadãos romanos todos os homens livres do Império Romano; agora esses engravatados detentores do seu legado – e uma multidão de políticos sem memória, alma e coração a não ser nos números e no dinheiro – querem expulsar da EU quem quer sobreviver. Saberão essas alminhas a origem das normas que regem a sua sociedade – quem foi que criou parte substancial delas? Não, não foi Napoleão – não; antes, sim antes. O Sol nasce todos os dias, mas a vida é pejada de surpresas. Ah, essa Europa de herança mestiça que não sabe de onde vem...


  • Imagem: Orfeo y Euridice

Sem comentários: