sábado, 27 de dezembro de 2008

À Marisa Fernandes


  • ALMA D´UM CRÊBO TCHEU
Sete mil pés de ti
arvoram os porões de alma espúria
da Argos às margens do Tarrafal
e teu olhar silente.

Procura, como seiva raiz parideira,
teu ventre de alma-verbo-penitente
– ruas de nova Jerusalém aqui.

– É a Norte! – gritam sete mil pés convictos.
– É a Sul, no berço do barco-beijo do Atlântico,
a oeste da terra firme – insiste a Argos.

Norte »« Sul. Su l«» Norte. Lutam
o tempo de um sonho.
Acumina.

A Argos e sete mil pés de ti navegam
«Norte. Sul «» Norte. O lugar.

E eu (de orelha furada escravo,
argonauta de ti, das tuas horas sim)
– tenho todos os pés do Mundo
para te encontrar – menos tu,
pétala, ardósia viva, mar sendento, Om,
santa d´Um crêbo tcheu e mais:
como a mãe de todas as línguas
és YHWH e não sei dizer-te
alma de Um crêbo tcheu só num dia.

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