sexta-feira, 11 de abril de 2008

  • MORATÓRIAS PARA UMA OUTRA VIAGEM
I
[...]
Tu procuras a sementeira que alguém rasgou pois esse é o sinal
de que chegarão as asas das aves quando o sol mourejar.
Então os estampidos traduzem os homens cujas bocas se abeiram dos regatos
para tomar em mãos o sangue da carnificina e então serás
o que há-de vir no percurso dos silêncios, o mesmo percurso das tectrizes
e das borboletas que, porque voam, navegam entre as papoilas
se as estevas. E então dirás que a liberdade também se esquece
como o furor aquece a linfa. E então estarás teso
como o eucalipto que já secou a fonte.
in Nuno Rebocho, O Discurso do Método, Lisboa, 2008, p.9
.
  • Livro apresentado ontem (10.04.2008) na cidade da Praia, Cabo Verde. Para ser lido com calma e alma aberta - os preconceituosos poderão ler o que não desejam. Como diz o poeta, "As vísceras do silêncio são cadelas rosnando ao vento [...]" (ibidem)

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