domingo, 8 de novembro de 2009

  • O PROGNOSTICADOR

    O prognosticador putativo
    gritava
    eu ouvi, lá longe
    no Mindelo terra-longe…

    «O mundo dói-me,
    dói-me mil vezes à velocidade da luz…
    e ter tudo é ter nada
    pois tudo o que se lega ao mundo
    somos nós, em pó
    ou cinzas
    ou letra,
    nós!

    Ou será que, diz-me, ser
    excremento animal…
    isso: (bosta para fogão,
    brasa de noites-amantes,
    anseio de ser na pele diamante
    da rosa fresca que amo e é minha)
    em ouro vale o esquecimento?

    A morna que fica para sempre ardendo
    diz, diz para esses outros novos:
    compensa, ó gente nova!, não ser
    essa coisa velha que se chama pessoa?»

    Imagem: Stonehenge, Salisbury, Inglaterra

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