Paul Klee, Picasso y el Contagio de la imaginación, George Steiner
Ao Zé Cunha
Cicero discursando contra Catilina no Senado.
Paul Klee, Picasso y el Contagio de la imaginación, George Steiner
Ao Zé Cunha
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 9:11:00 da manhã
Etiquetas: arte, cultura, direitos humanos, humana conditio
4 comentários:
Bravo Virgilio. Aqui mostras aquilo que a muitos dos nossos politicos e "artistas" falta. IMAGINAÇÂO
Abraço
Oi
O titulo do video que me dedicas, 'Contagio de la imaginación' e que muito me honra (Klee, Picasso, e Steiner, porra Virgilio, não fazes por menos), é uma criação do autor do video (e não de Steiner), extraida da entrevista que este deu a Ronald A. Sharp, e incluida no Livro "Os Logocratas" (Relógio de Água, 2003), no capítulo chamado 'A Arte da Crítica' (pag. 91). Uma longa e interesantíssima entrevista, que serve, entre outras, como um bom guião para o pensamento de Steiner. Estranho, ou não, falava Steiner de estética, respondendo a uma pergunta sobre o Holocausto, a partir da sua teoria da interpretação, em que ele diz esta pérola "A distância excitante de uma grande interpretação é o fracasso, a distância, que a torna impotente. Mas trata-se de uma impotência dinâmica...". Depois dos dois exemplos plásticos de Klee e Picasso, mais conhecido o segundo que o primeiro, ele remata com o seguinte "Nunca ninguém explicou estas coisas, do mesmo modo que ninguém nos explica aquilo a que Lévi-Strauss chama o mistério supremo de todo o conhecimento humano: «a invenção da melodia». É uma das frases mais importantes que conheço. Delicio-me com a insuficiência dos esforços apaixonados que tentam aproximar-se do mistério. É isso que é maravilhoso." (Pag. 103) Nem mais.
Esta, na morte recente do autor de 'Tristes Trópicos', é para ti (Quid pro quo, no sentido anglo-saxónico), mas desconfio que já conhecias a entrevista. E a propósito do teu poema de hoje, (re)visita na pag. 105 a história de Claudel e do Papa Pio XII, que Steiner conta.
Termino com uma ideia de G. Agamben, a propósito do 'Don Quijote' de Orson Welle (1992), que se aproxima muito de Steiner, e reza assim: "Que devemos fazer com as nossas imaginações? Amá-las, acreditar nelas, a tal ponto que temos de as destruir, falsificar. Mas quando, no fim, elas se revelam ocas, inatingíveis, quando mostram o nada de que são feitas, só então podemos descontar o preço da sua verdade, compreender que Dulcineia - que salvámos - não pode amar-nos." (Giorgio Agamben, "Profanações", Ed. Cotovia, 2006, pag. 136). Esta citação remete-me imediatamente para outro grande filme, "Rosa Púrpura do Cairo" de W. Allen, lembras-te? Anda tudo ligado. Uma espécide alter-imaginação que toca a todos os que ousam.
Boa noite, forte abraço.
ZCunha
Cunha,
Vejo que partilhamos, também, este prazer que é descobrir uma personae como George Steiner e, de certo modo, o perseguimos (persigo a essência do saber de Borges há alguns anos). E desconfias bem.
Sim, é de um conjunto de programas que José Gordon teve a feliz ideia de transpor para o audiovisual.
“Só a arte e o silêncio nos libertam”, diz Steiner. Só, não; também, pois existe a grande e nua aventura. E nem estou tão certo como Steiner da inexplicabilidade da nossa apreensão e interpretação da vida, seja no plano estético seja no espiritual (é ténue, muito ténue, a divisão), e de que a «invenção da melodia» seja algo explicável para além e fora da nossa dimensão antropomórfica, mas somente no plano deste mistério e paradoxo de sermos.
Essa Dulcineia não pode amar-nos, é certo; mas Cunegundes já pode – está ao alcance do nosso sonho, mas não nos redime da busca do mistério, pois traz a nossa propensão à divindade a um plano que é menos do que (um) o todo que nos abraça e empurra para a essência do que somos, afinal. Mas o que ansiamos é por Cunegundes, por todas eleas e não por Dulcineia del Toboso.
E daqui emerge a perplexidade, a necessidade de imaginar e «inventar» não a melodia mas descobrir nela o inventor da libertação. A arte e o silêncio são caminhos de liberdade, uma liberdade que abarca a imaginação.
Soube há pouco que morreu a nossa amiga Alcestina Tolentino. E não consigo deixar de pensar que somos demasiados efémeros, que a terra é canibal e vence sempre. E se vence, que não seja terra longe. Merecia voltar ao ventre da terra que o viu nascer, que teceu a bandeira, não ser enterrada no exílio.
Fiquei sem sono. E o que é que nos consola nestas alturas? Lembrei-me de Borges, de Boechio e… de mim.
Abraço fraterno, e obrigado… I will take a look at Claudel.
PS: e não haveria de lembrar-me de “A Rosa Púrpura do Cairo" de Woddy Allen? Que saudades tenho do velho Quarteto, do Nimas… salva-se, ainda, o King. Parece que houve um colapso estético no cinema – ou estaremos perante um novo paradigma estético (para não dizer de outra coisa)?
Caro Tchalé,
parece-me que todos nós, de uma forma ou de outra, somos "coxos" no que a imaginação política diz respeito… mas o Mundo, felizmente, vai para além desta dimensão, como a tua arte prova e consola.
Abraço fraterno
Enviar um comentário