- MANUEL VEIGA NA RCV – A LINGUA CABO-VERDIANA
Acabei de ouvir Manuel Veiga, O Ministro da Cultura, na RCV (ouço, ainda, a rádio… e Nadejda de Solange Cesarovna… que bela voz! E penso que valeu ouvir a rádio, por isto que escuto agora). Orlando Lima, jornalista da RCV saiu-se com uma tirada infeliz na conversa com Manuel Veiga:
— No ti ta papiá um kriolo fedi kê di Praia…
No comments!
Mas o Ministro da Cultura não disse nada de novo, nem o jornalista perguntou. Mas que oficialização é que se vai fazer se (i) o que se pretende com a revisão do Artº.9º. da CRCV é a clarificação (sic) da norma? Clarificação que o projecto do PAICV, como proposta, não faz – infelizmente, mas pode(rá) ser socializado. Mas (ii) e o Decreto-lei nº. 8/2009 de 16 de Março que oficializa o ALUPEC como alfabeto cabo-verdiano, o que foi que fez? Não foi a oficialização da língua cabo-verdiana com base no sistema ALUPEC? Será que deixou de existir? Porquê, diga-me: qual é a razão de todos ignorarem esta aberração de haver uma lei contra a República e todos fazerem de conta que não existe? É que, como se viu na AN, o PAICV está a espera que o MPD mude (mas de que discurso?) e se resolva a questão da língua no plano constitucional e se repristine o Decreto-lei nº. 8/2009 de 16 de Março.
O argumento da variante que se fala mais é preocupante… critério quantitativo?, não! É claro que eu percebo o que o Ministro da Cultura quer dizer, todos os cabo-verdianos percebem. O que não é, de todo e do meu ponto de vista, o problema, ainda seja parte dela; a questão resta nos procedimentos, sempre os procedimentos... O que me admira, pois sempre que oiço o Ministro da Cultura me parece uma pessoa com bom senso, mas depois age de forma diametralmente oposta…
Já tardava ouvir o do poder político, nomeadamente do Ministro da Cultura, o argumento de que o Acordo Ortográfico está próximo do ALUPEC — como previsto... — e da economia da língua. Uma entrevista para o Ministro Manuel Veiga dizer o que tem dito, repetidamente, em todos os fóruns por onde tem passado? Haja paciência! O Ministro da Cultura termina a entrevista dizendo que «os deputados vão dar uma prenda de Natal» aos cabo-verdianos: a oficialização da língua cabo-verdiana. Sim, espero que se chegue a um consenso sobre a revisão da Constituição — e a questão da língua nem é das questões mais prementes. Mas e então, volto a perguntar: o que é o Decreto-Lei nº 8/2009 de 16 de Março? É altura de alguém falar claro! Fica este diálogo (da Antígona de Sófocles):
Creonte: — Só tu, em Tebas, sustentas tais opiniões.
Antigona (apontando para o Coro): — Todos eles pensam como eu, mas mordem os lábios.
Imagem: Pleasure, René Magritte
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 1:16:00 da manhã
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3 comentários:
Em Dezenbdro vão continuar a fazer revisão da CRCV. Digo continuar, porque os artigos que têm a ver com a oficialização da língua e que foram postos à votação e não naão passou na AN.Ou estou enganado? Vão reiniciar?
Parece que sim... irão reiniciar a discussão. Há qualquer coisa de estranho - ou um corpo estranho -, iníquo até...(na perpectiva do sistema constitucional)no que se tem passado e se passa.
Em rigor, a proposta regeitada não poderá ser sujeita à uma nova votação, a não ser que a proposta venha a ser reformulada. Mas o que quer saber é, na verdade, «uma dor de cabeça» constitucional, ou sê-lo-ia num país com cultura jurídica da Constituição...
Abraço fraterno
Obrigado Virgílio Brandão... "pergunto logo exito"?
Retribuo esse abraço Fraterno, Et.
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