- 2010 — PANEN ET CIRCENS
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
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- O MEU POETA
"Que bom seria se o ano e a década que iniciam fossem de guerras de ideias, e de mais luz em tudo" — desejo do meu poeta.
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Etiquetas: o meu poeta
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Etiquetas: Aung San Suu Kyi, direitos humanos
- O DIABO E O MAL
Ouvia o programa Quarta a Noite na RCV. O tema era sobre… o Diabo! Esperava mais, muito mais da discussão. Lucífer – Satanás, Diabo, Iblis… – deve ter-se rido com a forma como muitos o olham e o que pensam dele. Para um leigo em matérias teológicas, a obra mais interessante que se escreveu sobre o Diabo no século XX é «O Diabo» de Giovanni Papinni. Aconselho a sua leitura, pois dá uma visão geral sobre a temática do Diabo – diria mesmo que é uma espécie de introdução ao estudo do Diabo.
A questão do Diabo foi discutido fora do plano teológico tradicional – e é interessante esta socialização do pensamento cristão –, perdendo o tema grande parte do interesse que a sua profundidade transporta. Agora, confundir o Diabo com o mal – mesmo o mal moral – é como tomar a nuvem por Juno. A questão é bem mais complexa, e fascinante. Agora que o Diabo anda à solta por aí… lá isso anda. E invoco o aviso do Baudelaire: "a maior arma do Diabo é convencer o homem de que não existe". Know thy enemy – diziam os antigos com alguma razão…
Imagem: Satan's slingshot - H.R. Giger
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1492, Marzo 31, Granada
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Bien sabedes o debedes saver que porque nos fuimos informados que en estos nuestros reynos abia algunos malos christianos que judaizaban e apostataban de nuestra santa fe catolica, de lo qual hera mucha causa la comunicacion de los judios con los christianos, en las Cortes que hizimos en la cibdad de Toledo el año pasado de mill e quatrocientos e ochenta años, mandamos apartar a los dichos judíos en todas las cibdades e villas e lugares de los nuestros reynos e señorios, e dalles juderias e lugares apartados donde bibiesen esperando que con su apartamiento se remediaría.
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Y como quiera que de mucha parte desto fuemos ynformado antes de agora y conocemos que el remedio verdadero de todos estos daños e yncombinientes estaba en aprestar (sic) del todo la comunicacion de los dichos judios con los christianos e hecharlos de todos nuestros reynos, quisimonos contentar con mandarlos salid de todas las cibdades e villas e lugares del Andaluzia donde parecia que abian fecho mayor daño, creyendo que aquello bastaria para que los de las otras ciudades e villas e lugares de nuestros reynos e señorios cesasen de hazer e cometer lo suso dicho.
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É porque los dichos judios e judias puedan durante el dicho tiempo fasta en fin del dicho mes de jullio mejor disponer de si e de sus bienes e hazienda, por la presente los tomamos e recibimos so nuestro seguro e anparo e defendimiento real e los aseguramos a ellos e a sus bienes para que durante el dicho tiempo fasta el dicho dia fin del dicho mes de jullio puedan andar e estar seguros e puedan entrar e vender e trocar e enagenar todos sus bienes muebles e raizes e disponer dellos libremente e a su boluntad, e que durante el dicho tiempo non les sea fecho mal ni daño ni desaguisado alguno en sus personas ni en sus bienes contra justicia so las penas en que cayen e yncurren los que quebrantan nuestro seguro real. E asi mismo damos licencia e facultad a los dichos judios e judias que puedan sacar fuera de todos los dichos nuestros reinos e señorios sus bienes e hazienda por mar e por tierra con tanto que no saquen oro ni plata ni moneda amonedada ni las otras cosas vedadas por las leys de nuestros reynos, salvo en mercaderias que non sean cosas vedadas o en canbios.
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E otrosi mandamos a todos los concejos, justicias, regidores, cavalleros, escuderos, oficiales e omes buenos de la dicha cibdad de Burgos de de las otras cibdades e villas e lugares de los nuestros reinos e señorios e a todos los nuestros vasallos, subditos e naturales que guarden e cumplan e fagan guardar e cunplir esta nuestra carta e todo lo en ella contenido e den e fagan dar todo el fabor e ayuda que para ello fuere menester so pena de la nuestra merced e de confiscacion de todos sus bienes é oficios para nuestra Camara e Fisco. E porque esto pueda benir a noticia de todos e ninguno pueda pretender ygnorancia mandamos que esta nuestra carta sea pregonada por las plazas e lugares acostumbrados desa dicha cibdad e de las principales cibdades e villas e lugares de su obispado por pregonero e ante escribano público.
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E los unos ni los otros non fagades ni fagan ende al por alguna manera so pena de la nuestra merced e de pribacion de los oficios e confiscaçion de los bienes a cada uno que lo contrario fiziere. E demas mandamos al omen que les esta nuestra carta mostráre que los enplace que parezcan ante nos en la nuestra Corte, do quier que nos seamos del dia que los enplazare fasta quinze dias primeros siguientes so la dicha pena so la qual mandamos a qualquier escribano publico que para esto fuere llamado que de ende al que vos la mostrare testimonio signado con su signo, porque nos sepamos cómo se cunple nuestro mandado.
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Dada en la nuestra cibdad de Granada a XXXI dias del mes de marzo año del nasçimiento de nuestro señor Ihesuchristo de mill e quatrocientos e noventa e dos años. Yo el rey, yo la reyna. Yo Juan de Coloma, secretario del rey e de la reyna nuestros señores la fize escrivir por su mandado. Registrada Cabrera, Almazan chanceller.
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Etiquetas: cultura, memórias da história, politica, religião, sociedade
- VIII
Abeja blanca zumbas —ebria de miel— en mi alma
y te tuerces en lentas espirales de humo.
Soy el desesperado, la palabra sin ecos,
el que lo perdió todo, y el que todo lo tuvo.
Ultima amarra, cruje en ti mi ansiedad última.
En mi tierra desierta eres la última rosa.
Ah silenciosa!
Cierra tus ojos profundos. Allí aletea la noche.
Ah desnuda tu cuerpo de estatua temerosa.
Tienes ojos profundos donde la noche alea.
Frescos brazos de flor y regazo de rosa.
Se parecen tus senos a los caracoles blancos.
Ha venido a dormirse en tu vientre una mariposa de sombra.
Ah silenciosa!
He aquí la soledad de donde estás ausente.
Llueve. El viento del mar caza errantes gaviotas.
El agua anda descalza por las calles mojadas.
De aquel árbol se quejan, como enfermos, las hojas.
Abeja blanca, ausente, aún zumbas en mi alma.
Revives en el tiempo, delgada y silenciosa.
Ah silenciosa!
------- Pablo Neruda
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Etiquetas: cultura
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
- MOMENTO ERÓTICO
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- O EDEN PARK COMO AUDITÓRIO MUNICIPAL DE SÃO VICENTE
O Eden Park tem preocupado muita gente desde há alguns anos, mas continua tudo na mesma – sem solução para a sua utilidade cultural (o problema não é, nem deverá ser, o facto do mesmo estar devoluto ou não). O facto de estarmos a cerca de um ano das eleições pode ter um efeito positivo na solução do problema. Segue uma Petição na internet apelando às entidades públicas para salvar o "património cultural e de memória da cultura nacional". Como mindelense, tenho as minhas dúvidas, hoje, de que o Eden Park seja "memória da cultura Nacional" – sendo que tenho, pessoalmente, belas e belíssimas memórias do local. Agora que é património do povo mindelense, não tenho dúvidas disso!
Não assinei nem assinarei a Petição, quer por não me rever na forma e no conteúdo, quer porque as petições – mesmo quando são enviadas às entidades competente – têm o tratamento que têm em Cabo Verde. Quantos é que andam na Assembleia Nacional a apodrecer”, não é, ó Nuno Marques? Pois é… As entidades públicas e os cidadãos (promovi, há cerca de dois anos – quando a questão estava, como hoje, com foro de "acontecimento" de uma espécie de sylly season tardia ou de esgotamento temático –, a ideia dos cabo-verdianos na diáspora comprarem o Eden Park, sem feed back) há muito que sabem o que se passa com o Eden Park e não são petições que determinam as acções mas sim o timming político para se tomar as decisões. É preciso agir, sem delongas.
O Eden Park é património dos mindelenses, e caso não tenha sido declarado Património Municipal, o Município dev(eria) declarar o edifício como Património Municipal e de Interesse Social e Cultural (pedir ao Ministério da Cultura que o declare de interesse cultural e nacional é pedir muito, não é? Se fosse outro Ministério ou outro Ministro da Cultura, seria questão equacionável). O que, em parte, impedirá a sua destruição para fins não culturais e, no plano jurídico, garantiria uma posição de preferência em caso de alienação – desde que não haja, entretanto, obrigações contratuais que devam ser cumpridas.
Na verdade, o Município deveria adquirir o edifício – o que deveria ter feito há muito, diga-se en passant – e dar-lhe a utilidade devida: voltar a ser uma sala de espectáculos e de cultura digna da cidade do Mindelo. O Eden Park como um Auditório Municipal, e simultaneamente um cinema e centro de Exposições, seria um ganho para os mindelenses e uma vitória política considerável de Isaura Gomes e do seu executivo. O que se deve salvar não são os resquícios do passado, mas sim o futuro cultural de São Vicente – e o Eden Park pode e deve desempenhar um papel fundamental neste plano. É uma decisão que tarda, mas que ainda tem tempo. Os proprietários do edifício deverão ter em consideração o interesse objectivo da cidade, e alienar o edifício ao Município, por venda ou permuta com outros prédios municipais.
Em caso de falta de liquidez do Município, que se recorra à Banca! O Eden Park, bem gerido, poderá ser auto-sustentável – mas mesmo que o não fosse, a população mindelense tem um handicap cultural que o Município pode e deve resolver. Se a ideia da Presidente da Câmara, Isaura Gomes, de criar uma Orquestra Municipal não estiver esquecida, e não creio que esteja, o Eden Park é, seria, o seu espaço natural – isso para além de servir como um Auditório multifacetado e digno para o Teatro, o Cinema nacional e outras formas de manifestação cultural das nossas gentes. Seria uma boa prenda de dia dos Reis que o Município daria aos mindelenses e uma forma de marcar o início da nova década.
Não é o edifício em si que é importante, mas o que representa no plano cultural. Assim, não me chocaria de todo, e se calhar será um imperativo, que o Eden Park viesse a ser alargado em altura – respeitando a traça arquitectónica original – para dar lugar a um espaço moderno de lazer e que fosse uma extensão da Praça Nova. As possibilidades são imensas, o limite é a imaginação e a capacidade de inovar numa cidade social e culturalmente adormecida. Vamos ficar à espera, da capacidade de iniciativa e de fazer obra para o futuro.
A Camara Minicipal de S. Vicente é que não deveria estar à espera do Governo – até porque o Ministro Manuel Veiga já disse que não tem verba inscrita no Orçamento do Estado. Isto é, demarcou-se da questão de fundo. A questão é de S. Vicente e dos seus cidadãos. Assim, que os representantes dos munícipes de S. Vicente façam o que têm de fazer. Res non verba (mais acção e menos palavra – em voz popular).
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- ME DIJO UN ALBA DE LA PRIMAVERA
Me dijo un alba de la primavera:
Yo florecí en tu corazón sombrío
ha muchos años, caminante viejo
que no cortas las flores del camino.
Tu corazón de sombra ¿acaso guarda
el viejo aroma de mis viejos lirios?
¿Perfuman aún mis rosas la alba frente
del hada de tu sueño adamantino?
Respondí a la mañana:
Sólo tienen cristal los sueños míos.
Yo no conozco el hada de mis sueños;
no sé si está mi corazón florido.
Pero si aguardas la mañana pura
que ha de romper el vaso cristalino,
quizás el hada te dará tus rosas,
mi corazón tus lirios.
------ António Machado
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- VOZES DE ATENTAR...
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Tragedy was a Greek creation because in Greece thought was free, Edith Hamilton
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Imagem: O Cavalo do Circo - Marc Chagall
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terça-feira, 29 de dezembro de 2009
- LIVROS QUE MERECEM MAIS DO QUE SER LIDOS...
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- MEMÓRIAS DA DÉCADA…
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Etiquetas: cultura, memorias da decada
- PERGUNTAS DO ÉDEN E A CULTURA
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Etiquetas: cultura, menino(s) de oiro
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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domingo, 27 de dezembro de 2009
- VOZES DE ATENTAR…
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The mechanisms of power are addressed to the body, to life, to what causes it to proliferate, to what reinforces the species, its stamina, its ability to dominate, or its capacity for being used. Michel Foucault
Image: Chema Madoz
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Etiquetas: cultura, humana conditio, politica, sociedade, vozes de atentar...
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sábado, 26 de dezembro de 2009
- E SÓ NESSE DIA OUTRO BORGES NÃO SERÁS
Nos teus deslumbrados olhos um tigre inteiramente doirado
E um outro inteiramente preto disputam os anjos
De Blake. Frios, esperam os espelhos que acordes
Para que te nomeiem. Já não sabe o labirinto
Nem o sul e as pampas ou o degolado templo
De Dagon o sabem — do antigo e secreto caminho
Que a teus olhos de volta conduz. A mão dita-te
O epitáfio e lê-te a rosa o esquecimento qu’inda luz.
O caixão, que por Genebra ninguém viu passar, cru
Levam-no Muraña e, reconciliados, os irmãos Iberra.
Um dia, quando do teu sono acordares, Georgie,
Banhada em êxtase e tango, terás defronte a ti, sob a Lua,
Um infame, um vil, a limpar-te na glande o resto do sêmen
Com uma navalha que a mais nenhuma mão obedecerá.
---- Vadinho Velhinho
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- JOB XXI PARA A MULHER
Tem o peso das ramas de kratos, o mundo.
O teu aroma fê-lo pele do beijo,
alma que frigia nas horas.
Que atrevimento! Escolher…
A única escolha te enforma, sabes?
Lares, aí: espreita de dentro — constrói.
"É o que ela faz", dizem-me os de Ai
com a tarde a cair, junta, justa de dor.
Tem o peso do mundo, esse tu
que transportas,
sabes?
Ah, sabina de mim! dá-me,
dá-me a tua mão,
tua fenda,
teu ai!
A morte vai almoçar, hoje.
O Apocalipse, por fim veio, nu.
Verá o Tejo, o Atlântico sul e mais.
Dei-lhe veneno, e sorri.
Sorri para mim…
Venari, lavare, ludere, ridere, occest vivere
— aconselha-me, grato de raízes.
Aprendemos, com os deuses
— depois de morrerem,
não é, ventre dos meus cantos?
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Etiquetas: beleza, humana conditio, o belo
- VOZES DE ATENTAR…
Imagem: O quarto amarelo - Marc Chagall
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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
* Prenda de Natal, Chistmas gift, Regalo de Navidad, Cadeau de Noël.
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quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
- O NATAL E O MEU POETA
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Etiquetas: o meu poeta
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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Procurando vestígios numismáticos (procurava uma moeda de Tibério — a que Jesus Cristo terá tido nas suas mãos — e uma de Clodio Albino) para um documento, deparei-me com esta moeda de Constantino — e que prova o que eu sempre pensei dele: era muito pouco cristão e ostentava uma vaidade extrema, o que é coisa pouco cristã. A moeda diz D N CONSTANTINVS P F AVG na cara da moeda. Isto é, Dominus Nostrum Constantinus Pater Felix Augustus. No verso da moeda — vê-se o símbolo da deusa da vitória e um extraordinário quatro vezes Augusto (!!!).
Um cristão nunca usaria estes símbolos (note-se que o Imperador Adriano desencorajava o uso do termo Dominus=Senhor e Alexandre Severo recusaria o título). Ao ver este registo numismático consegui perceber como Constantino logrou convencer Lícínio — Imperador romano do Oriente — a ditar o Édito de Milão ou Édito da Tolerância de 313 d.C e, no processo, fazê-lo desaparecer da história. O cristianismo tornou-se, então, res publica — coisa pública, objecto do Império enquanto religião oficial que procederia à nacionalização dos deuses dos povos do império e os renomaria de deuses a santos.
Resta aqui a origem da Igreja Católica Apostólica Romana, e a paganização do cristianismo. O nomen de cristão de Constantino I foi uma acção política, a pax romana sem espada, a pax romana do verbo divino. Teve, concedo, qualquer coisa de génio: uma visão extraordinária do Mundo unido sobre o mesmo lema sem se recorrer à força. Maomé faria a sua imitatio, e também lograria sucesso. Constantino não era um cristão, era um político! A sua mãe, Helena, sim; ela era uma cristã devota. E celebramos o Natal, uma festa uma festa de origem afro-asiática — Horus, fugindo de Set, sempre chegou ao Egipto! e Júlio Africano dir-nos-ia que foi a 25 de Dezembro que Jesus Cristo nasceu, e seguiu as mesmas pisadas de Horus (Ah! Esquecia-me: o Deus menino africano, Horus — assim como Mitra — nasceu no dia 25 de Dezembro).
A vitória do cristianismo de Constantino foi a derrota do cristianismo de Jesus Cristo que Tertuliano, Origenes e os pater da igreja de Alexandria fundamentaram e sustentaram. A vitória do cristianismo foi uma vitória pírrica, como se vê hoje.
Imagem: Aureos ou solidus de Constantino I
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Etiquetas: cultura, memórias da história, religião, sociedade
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Etiquetas: cultura, momento erótico
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
A ideia que as autoridades americanas transmitem é de a decisão é sustentada em razões de ordem puramente militares, de disciplina no seio da instituição. Poderia ser, poderia ser que fossem essas as razões — nem por isso menos abusiva e para além do que é admissível no plano dos direitos fundamentais da mulher —, mas tal medida deveria ser aplicada a toda a instituição. Porque somente no norte do Iraque, e não no resto do país e noutros palcos bélicos como o Afeganistão? — pergunta-se.
Para mim a razão fundamental resultará no facto — conhecido mas escondido — de que foram usadas armas químicas e biológicas no norte do Iraque (e não foi somente contra os curdos no tempo Saddam Hussein, não!). As crianças nascidas nessa zona do país sofrem de mal formações graves, de tal forma que inviabilizam os fetos ou uma vida normal das crianças quando nascidas. Um acontecimento digno de um episódio de Frankenstein e que horroriza as mães do norte do Iraque: vêm na sua gravidez e no parto um horror, não sabendo o que irá nascer.
O nascimento de um filho normal no norte do Iraque é um milagre, uma festa. As razões do exército norte-americano? Certamente que não devem querer que as suas mulheres em serviço militar voltem aos Estados Unidos com crianças com as marcas que provem a guerra química e biológica que ocorreu no Iraque — e não se pode acusar Saddam Hussein disso. There is something rotten in the north of Iraq…
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Etiquetas: cultura, direitos humanos, humana conditio, iraque, perplexidade, sociedade
- LIVROS QUE MERECEM MAIS DO QUE SER LIDOS…
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El Amor, las Mujeres y la Muerte, Schopenhauer
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Imagem: Kinder — Jean Louis Gieg
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Etiquetas: beleza, cultura, el amor, humana conditio, livros, natureza
- VOZES DE ATENTAR
El amor tiene por fundamento un instinto dirigido a la reproducción de la especie, Schopenhauer
Jean Louis Gieg - La pomme de la discorde
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Etiquetas: cultura, el amor, reproducción
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
domingo, 20 de dezembro de 2009
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Etiquetas: cultura, direitos humanos, economia, politica
- La dama de palacio no se deleita en el ocio;
dedica su tiempo a los últimos versos.
Pues la poesía puede
ser un substituto de la flor del olvido
y curar la enfermedad del tedio.
----- Hsu Ling
Praying, Samael
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- NOTA ÀS CONGREGAÇÕES
Eu, admiro-me; mas não admiro os que chegam com a multidão transportando o carmim que já foi verde, negro apaixonado ou outra coisa qualquer. Os camaleões estão no tecido da floresta, baptizados – festejam o que podem. Os consolos? Ah, os consolos! São cinzentos: Aminatu Aidar regressa à casa, não que queria mas a que pode. É "uma vitória da causa Saraui" – diz. Concordo, é uma vitória da causa sarauí, não é uma vitória para a causa sarauí. Faz diferença, e muita. Assim o dizia, o Janus…
O mundo continua a rodar. E declaro, com a chuva a cair, por minha honra e sob as penas das leis divinas e do maior dos juízes – a minha consciência –, que não sei nadar. Não sei nadar, e só gosto da nudez do carnaval. A ELECTRA vê a luz no fundo do túnel: o dinheiro do futuro.
Pesca do Atum – Salvador Dali
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Etiquetas: cultura, humana conditio, politica, sociedade
sábado, 19 de dezembro de 2009
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Etiquetas: cultura, direitos humanos
- EL VIAJE DEFINITIVO
. . . Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros
cantando;
y se quedará mi huerto, con su verde árbol,
y con su pozo blanco.
Todas las tardes, el cielo será azul y plácido;
y tocarán, como esta tarde están tocando,
las campanas del campanario.
Se morirán aquellos que me amaron;
y el pueblo se hará nuevo cada año;
y en el rincón aquel de mi huerto florido y encalado,
mi espíritu errará, nostáljico . . .
Y yo me iré; y estaré solo, sin hogar, sin árbol
verde, sin pozo blanco,
sin cielo azul y plácido . . .
Y se quedarán los pájaros cantando.
----- Juan Ramón Jiménez
Imagens: Luis Royo
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Etiquetas: cultura
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
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- DEMOCRACIA, D. DULCINEIA E CUNEGUNDES
A propósito da minha pátria, pergunto: será que sabemos que a democracia é um dado de cultura, um produto de cultura? Por vezes, ao ouvir alguns discursos políticos, espanto-me e penso que não – que estamos à deriva no plano histórico, que o passado é uma esponja que drena o nosso futuro. Ó Deus – deuses da gaia ciência, para os ateus e agnósticos – dê-nos substância, substância! E pão, e trabalho, e cultura, cultura democrática… já agora.
A democracia cabo-verdiana é vista com os olhos de D. Quixote por uns, e com os de Cândido por outros – uns logram ver Dona Dulcineia del Toboso e outros a baronete Cunegundes. Perspectivas pragmáticas, ou cultura?
Imagem: Salvador Dali - Dona Dulcineia (1981)
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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
- "CONCIENCIA PLENA"
por todo el mundo.
En este mar tercero,
casi oigo tu voz;
tu voz del viento
ocupante total del movimiento;
de los colores, de las luces
eternos y marinos.
Tu voz de fuego blanco
en la totalidad del agua, el barco, el cielo,
lineando las rutas con delicia,
grabándome con fúljido mi órbita segura
de cuerpo negro
con el diamante lúcido en su dentro
----- Juan Ramón Jiménez
Imagem: Delicia Gordon
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Etiquetas: cultura, humana conditio
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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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Etiquetas: cultura, direitos humanos, economia, politica, sociedade
- EXERCÍCIOS DE HUMILDADE
Quando sou tentado a pensar que sei alguma coisa de seja o que for, agarro num livro de uma ciência em que sou, ao nível do saber, pouco mais que uma batata doce assada, e lembro-me de alguns sábios, de criadores de beleza, de Herodes Antipas. Acabei de escrever um poema, e lembrei-me de Renoir. Dizia Pierre-August Renoir, dia 3 de Dezembro de 1919: «Creio que pouco a pouco entendo alguma coisa disto». Nesse dia terminou o seu último quadro – morreu.
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Apaguei o poema. O mundo roda…
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Imagem: Pierre-August Renoir
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terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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Etiquetas: cultura, humana conditio
Sobre a violação das competências legislativas constantes da Constituição e as suas consequências no Estado de Direito Democrático.
Tribunal Constitucional
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A RÁDIO EM CABO VERDE
Oiço os veteranos da Rádio de Cabo Verde, e algumas críticas demolidoras – a oposição não faria, não tem feito melhor – sobre a política da comunicação social. Dá que pensar, e pensar a sério. Fica, aos que trabalham na comunicação social cabo-verdiana – aos jornalistas em particular – este pensamento de Eça de Queirós: "A actividade do jornalismo nunca deve abrandar, a sua consciência deve ter sempre o mesmo vigor, a sua pena o mesmo colorido, o seu sentimento moral a mesma justa intensidade."
A comunicação social é o “quarto poder”? Parece que ainda estamos longe, longe da independência necessária – restará a consciência dos homens e das mulheres que assumem o papel de informar e de contribuir para formar os cidadãos. Sim, a taxa de radiodifusão é uma necessidade que se impõe e se justifica – tem é de ser repensada no quadro de uma economia de mercado.
Imagem: A Volksempfänger - receptor do povo (ideia de Goebbels...). O Wolkswagen da comunicação.
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Etiquetas: cultura, perplexidade, politica, sociedade
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
- GEPPETTO,1 PINOCCHIO AND SHORT LEGS
— And how can you possibly know that I have told a lie?
— Lies, my dear boy, are found out immediately, because they are of two sorts. There are lies that have short legs, and lies that have long noses. Your lie, as it happens, is one of those that have a long nose.
in Carlo Collodi, Pinocchio
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domingo, 13 de dezembro de 2009
- POEMA SALGADO
Eu nasci na ponta-da-praia
por isso trago dentro de mim
todos os mares do Mundo
Meu correio são as ondas
que me trazem e levam
recados e segredos
E meus bilhetes
(meus bilhetinhos de saudade)
são suspiros salgados
que as sereias recolhem
da crista das ondas
Nas conchas e búzios
de todos os mares do Mundo
ficaram encerradas
minhas canções de amor
Que eu nasci na ponta-da-praia
Por isso trago dentro de mim
todos os mares do Mundo.
----- Ovídio Martins
Imagem: H.R. Geiger
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 11:47:00 da tarde 0 comentários
- COLUMBANDO…
Ah, cá está! Cá está a razão porque se diz que os gatos têm sete vidas…
Imagem: Belo gato, não é?
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 11:40:00 da tarde 0 comentários
Etiquetas: apologia, arte, beleza, cultura, descobertas
sábado, 12 de dezembro de 2009
- DUAS CABEÇAS, DOIS PAÍSES?
Duas visões diferentes do país? Ou será que são duas perspectivas diferentes de ver e de analizar a realidade? Talvez seja, ou talvez sejam ambas as coisas. “Em casa de pobre todos ralham e ninguém tem razão” – diz voz antiga, do vulgo é claro. O povo tem outra perspectiva, uma terceira via de ver, diz-me o meu poeta. Quis saber qual, e diz-me:
— O povo vive com um emprego, e faz contas ao salário em tremissis.
Imagem: Janus Bifrons, na cara da primeira moeda circular de cobre a ser emitida em Roma.
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Etiquetas: o meu poeta, politica, sociedade
- A...
(Kern)
en el que apareciste frente a mí,l
o mismo que una efímera visión
igual que un genio de belleza pura.
En mi languidecer sin esperanza,
en las zozobras del ruidoso afán,
tu tierna voz se oyó en mi largo tiempo
y soñaba con tus divinos rasgos.
Transcurrieron los años. La agitada
tormenta dispersó los viejos sueños
y al olvido entregué tu tierna voz
así como tus rasgos celestiales.
En cautiverio oscuro y tenebroso
mis días en silencio se arrastraban,
sin la deidad y sin la inspiración,
sin lágrimas, sin vida, sin amor.
Mas ahora que el despertar llegó a mi alma,
y de nuevo apareces ante mí,
lo mismo que una efímera visión
igual que un genio de belleza pura.
Y el corazón me late arrebatado
porque en él nuevamente resucitan
La inspiración y la divinidad
y la vida, y el llanto y el amor.
---- Alexandr Pushkin
Imagem: Alexandr Pushkin
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 12:19:00 da manhã 2 comentários
Etiquetas: cultura