quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

  • 2010 — PANEN ET CIRCENS
Não sou Funes, El memorioso, de Borges – mas não consigo deixar de pensar na História sempre que vejo algumas coisas, como, por exemplo, os discursos de Nicolas Sarkosy e de Berlusconi – do retomar da questão da identidade nacional à hitleriana “a culpa é deles”… i.e., dos judeus, dos imigrantes e so on. Lembram-me o Decreto de expulsão dos judeus promulgado pelos reis católicos Fernando e Isabel de Espanha. Mas também me lembram a tolerância de ponto para a inauguração do Aeroporto Internacional de S. Pedro em S. Vicente, luzes para o Natal em algumas zonas de Santiago e um sem número de acções e promoções do género (um Estádio nacional de futebol, um cinema há de aparecer no Mindelo, dinheiro para a cultura dos festivais e dos subsídios indirectos, as inaugurações frenéticas e outras marcas subliminares) que veremos até às eleições de 2011.
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Acção política previsível que lembra-me, vagamente, a acção de Ciro, Imperador dos persas. Depois de ter-se apoderado de Sardes, cidade capital da Lídia, e ter aprisionado o seu Rei, Creso de seu nome, viu-se perante uma revolta dos lídios. Não querendo destruir cidade tão rica e opulenta, nem estacionar um exército que a vigiasse e controlasse pela força, tomou uma resolução então inédita e extraordinária: mandou construir tabernas, uma imensidão de bordéis e toda a espécie de jogos públicos na cidade. Depois emitiu um Decreto em que obrigava os cidadãos lídios a frequentar esses locais.
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Os lídios (uma espécie de ascendentes de Nação Sabe P'kagá) deram-se tão bem com esta iniciava do Imperador persa que passaram a dedicar o seu tempo a divertir-se e a inventar jogos tais que se tornou desnecessário o uso da força para os controlar. Tornaram-se uma espécie de escravos de orelha furada. Daí que o nome latino para passatempo e jogo é ludi – o instrumento maior do poder para manter o povo alienado de si mesmo e, simultaneamente, contente, senão mesmo feliz. Daí os romanos, conhecedores desta lição política, terem como máxima política o aforismo panen et circens.
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O conselho que Agrippa e Virgílio deram a Octávio Augusto é perceptível – não há cientista político que o não saiba. Mas onde anda o pão? O Governo lá traz a promessa de luz a alguns sítios – a polémica em torno do INPS/ELECTRA, tendo contornos censuráveis, acaba, em termos propagandísticos, por dar um certo fôlego social ao Governo, por agora… – e a esperança para outros é uma arma propagandística terrível. O circo, vem aí! Chegará a seu tempo, certamente. E o pão, onde anda o pão? Tudo se resume ao pão, sempre foi assim. O ano de 2010 será, terá de ser, o ano do pão para quem quiser sobreviver a 2011. Delenda est Circens – é preciso destruir o circo.

Imagem: Chema Madoz

  • O MEU POETA

"Que bom seria se o ano e a década que iniciam fossem de guerras de ideias, e de mais luz em tudo" — desejo do meu poeta.

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Aung San Suu Kyi

  • O DIABO E O MAL

    Ouvia o programa Quarta a Noite na
    RCV. O tema era sobre… o Diabo! Esperava mais, muito mais da discussão. Lucífer – Satanás, Diabo, Iblis… – deve ter-se rido com a forma como muitos o olham e o que pensam dele. Para um leigo em matérias teológicas, a obra mais interessante que se escreveu sobre o Diabo no século XX é «O Diabo» de Giovanni Papinni. Aconselho a sua leitura, pois dá uma visão geral sobre a temática do Diabo – diria mesmo que é uma espécie de introdução ao estudo do Diabo.

    A questão do Diabo foi discutido fora do plano teológico tradicional – e é interessante esta socialização do pensamento cristão –, perdendo o tema grande parte do interesse que a sua profundidade transporta. Agora, confundir o Diabo com o mal – mesmo o mal moral – é como tomar a nuvem por Juno. A questão é bem mais complexa, e fascinante. Agora que o Diabo anda à solta por aí… lá isso anda. E invoco o aviso do Baudelaire: "a maior arma do Diabo é convencer o homem de que não existe". Know thy enemy – diziam os antigos com alguma razão…

    Imagem: Satan's slingshot - H.R. Giger

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PROVISION DE LOS REYES CATOLICOS ORDENANDO QUE LOS JUDIOS SALGAN
DE SUS REINOS
1492, Marzo 31, Granada

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Don Fernando e doña Ysavel, por la gracia de Dios rey e reyna de Castilla, de Leon, de Aragon, de Secilia, de Granada, de Toledo, de Valencia, de Galizia, de Mallorcas, de Sevilla, de Cerdeña, de Cordova, de Corcega, de Murcia, de Jaen, del Algarve, de Algezira, de Gibraltar de de las yslas de Canaria, conde e condesa de Barcelona e señores de Vizcaya de de Molina, duques de Athenas e de Neopatria, condes de Rosellon e de Cerdania, marqueses de Oristan e de Gociano.
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Al principe don Juan mi muy caro e muy amado hijo e a los ynfantes, perlados, duques, marqueses, condes, maestres de las Ordenes, priores, ricos omes, comendadores, alcaydes de los castillos e casas fuertes de los nuestros reynos y señorios e a los concejos, corregidores, alcaldes, alguaziles, merinos, caballeros, escuderos oficiales e omes buenos de la muy noble e muy leal cibdad de Burgos e de las otras ciudades e villas e lugares de su obispado e de los otros arzobispados e obispados e diocesis de los nuestros reynos e señoríos e a las aljamas de los judios de la dicha cibdad de Burgos e de todas las dichas cibdades e villas e lugares de su obispado e de todas las otras cibdades e villas e lugares de los dichos nuestros reynos e señorios e a todos los judios e personas singulares dellos, así barones como mugeres de cualquier hedad que sean e a todas las otras personas de cualquier ley, estado, dignidad, preminencia e condicion que sean a quien lo de yuso en esta nuestra carta contenido atañe o atañer pueda en cualquier manera, salud e gracia.
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Bien sabedes o debedes saver que porque nos fuimos informados que en estos nuestros reynos abia algunos malos christianos que judaizaban e apostataban de nuestra santa fe catolica, de lo qual hera mucha causa la comunicacion de los judios con los christianos, en las Cortes que hizimos en la cibdad de Toledo el año pasado de mill e quatrocientos e ochenta años, mandamos apartar a los dichos judíos en todas las cibdades e villas e lugares de los nuestros reynos e señorios, e dalles juderias e lugares apartados donde bibiesen esperando que con su apartamiento se remediaría.
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E otrosí obimos procurado e dado orden como se hiziese ynquisicion en los dichos nuestros reynos e señorios, la qual como sabeys ha mas de doze años que se a fecho e fase, e por ella se han hallado muchos culpantes segun es notorio e segun somos ynformados de los ynquisidores e de otras muchas personas religiosas, eclesiasticas e seglares, consta e parece el gran daño que a los christianos se a seguido e sigue de la participacion, conbersacion, comunicacion que han tenido e tienen con los judios, los quales se prueban que procuran siempre por quantas bias e maneras pueden de subvertir e subtraer de nuestra santa fe catolica a los fieles christianos e los apartar della e atraer e perbertir a su dañada creencia e opinion, ynstruyendolos en las ceremonias e observancias de su ley, haziendo ayuntamientos donde les leen e enseñan lo que han de creer e guardar segun su ley, procurando de circuncidar a ellos e a sus fijos dandoles libros por donde rezasen sus oraciones e declarandoles los ayunos que han de ayunar e juntandose con ellos a leer y enseñarles las ystorias de su ley, notificandoles las pascuas ante que vengan, avisandoles de lo que en ellas han de guardar y hazer, dandoles y llebandoles de su casa el pan cenceño e carnes muertas con cerimonias, instruyendoles de las cosas que se an de apartar, asi en los comeres como en las otras cosas por observancia de su ley e persuadiendoles en quanto pueden a que tengan e guarden la ley de Muysen, haziendoles entender que no ay otra ley ni verdad salvo aquella. Lo qual consta por muchos dichos e confesiones asi de los mismos judios como de los que fueron pervertidos y engañados por ellos, lo qual ha redundado en gran daño, detrimento e oprobio de nuestra santa fe catolica.
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Y como quiera que de mucha parte desto fuemos ynformado antes de agora y conocemos que el remedio verdadero de todos estos daños e yncombinientes estaba en aprestar (sic) del todo la comunicacion de los dichos judios con los christianos e hecharlos de todos nuestros reynos, quisimonos contentar con mandarlos salid de todas las cibdades e villas e lugares del Andaluzia donde parecia que abian fecho mayor daño, creyendo que aquello bastaria para que los de las otras ciudades e villas e lugares de nuestros reynos e señorios cesasen de hazer e cometer lo suso dicho.
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E porque somos ynformados que aquello ni las justicias que se an fecho en algunos de los dichos judios que se an fallado muy culpantes en los dichos crimines e delitos contra nuestra santa fe catolica no basta por entero remedio para obviar e remediar como cese tan gran obprobio e ofensa de la fe y religion chistiana, porque cada dia se halla e parece que los dichos judios crecen en su continuar su malo y dañado proposito donde biven e conversan, y porque no aya lugar de mas ofender a nuestra santa fe como en los que cayeron, se enmendaron e reduzieron a la Santa Madre Yglesia, lo qual segun la flaqueza de nuestra humanidad e abstucia e subgescion diabolica que contino nos guerrea, ligeramente podría acaescer si la causa prencipal desto no se quita, que es hechar los dichos judios de nuestros reynos.
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Porque quando algun grave y destestable crimen es cometido por algunos de algún colegio e unibersidad es razon que el tal colegio e unibersidad sean disolvidos e anihilados e los menores por los mayores e los unos por los otros punidos, e que aquellos que perbierten el bien e onesto bevir de las cibdades e villas e por contagio pueden dañar a los otros sean expelidos de los pueblos e aun por otras mas leves causas que sean en daño de la Republica quanto mas por el mayor de los crimines e mas peligroso e contagioso como lo es este.
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Por ende nos, con consejo e parecer de algunos perlados e grandes e cavalleros de nuestros reynos e de otras personas de ciencia e conciencia de nuestro Consejo, abiendo abido sobre ello mucha deliberacion, acordamos de mandar salir todos los dichos judios e judias de nuestros reynos e que jamas tornen ni buelban a ellos ni a algunos dellos. Y sobre ello mandamos dar esta nuestra carta, por la cual mandamos a todos los judios e judias de qualquier hedad que sean que biben e moran e estan en los dichos nuestros reynos e señoríos asi los naturales dellos como los non naturales que en cualquier manera e por qualquier cavsa ayan benido e esten en ellos que fasta en fin del mes de juilio primero que biene de este presente año, salgan de todos los dichos nuestros reinos e señorios con sus hijos e hijas, criados e criadas e familiares judios, asi grandes como pequeños, de qualquier hedad que sean, e non sean osados de tornan a ellos ni estar en ellos ni en parte alguna dellos de bibienda ni de paso ni en otra manera alguna so pena que si no lo fiziesen e cumpliesen asi e fueren hallados estar en los dichos nuestros reynos e señorios e benir a ellos en qualquier manera, yncurran en pena de muerte e confiscacion de todos sus bienes, para la nuestra Camara e Fisco, en las quales penas yncurran por ese mismo fecho e derecho, sin otro proceso, sentencia ni declaracion.
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E mandamos e defendemos que ningunas, nin algunas personas de los dichos nuestros reynos de qualquier estado, condicion, dignidad que sean, non sean osados de rescebir nin acoger ni defender ni tener publica ni secretamente judio ni judía pasado el dicho termino de fin de jullio en adelante para siempre jamas, en sus tierras ni en sus casas nin en otra parte alguna de los dichos nuestros reynos e señorios, so pena de perdimiento de todos sus bienes, vasallos e fortalezas e otros heredamientos, e otrosi de perder qualesquier mercedes que de nos tengan, para la nuestra Camara e Fisco.
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É porque los dichos judios e judias puedan durante el dicho tiempo fasta en fin del dicho mes de jullio mejor disponer de si e de sus bienes e hazienda, por la presente los tomamos e recibimos so nuestro seguro e anparo e defendimiento real e los aseguramos a ellos e a sus bienes para que durante el dicho tiempo fasta el dicho dia fin del dicho mes de jullio puedan andar e estar seguros e puedan entrar e vender e trocar e enagenar todos sus bienes muebles e raizes e disponer dellos libremente e a su boluntad, e que durante el dicho tiempo non les sea fecho mal ni daño ni desaguisado alguno en sus personas ni en sus bienes contra justicia so las penas en que cayen e yncurren los que quebrantan nuestro seguro real. E asi mismo damos licencia e facultad a los dichos judios e judias que puedan sacar fuera de todos los dichos nuestros reinos e señorios sus bienes e hazienda por mar e por tierra con tanto que no saquen oro ni plata ni moneda amonedada ni las otras cosas vedadas por las leys de nuestros reynos, salvo en mercaderias que non sean cosas vedadas o en canbios.
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E otrosi mandamos a todos los concejos, justicias, regidores, cavalleros, escuderos, oficiales e omes buenos de la dicha cibdad de Burgos de de las otras cibdades e villas e lugares de los nuestros reinos e señorios e a todos los nuestros vasallos, subditos e naturales que guarden e cumplan e fagan guardar e cunplir esta nuestra carta e todo lo en ella contenido e den e fagan dar todo el fabor e ayuda que para ello fuere menester so pena de la nuestra merced e de confiscacion de todos sus bienes é oficios para nuestra Camara e Fisco. E porque esto pueda benir a noticia de todos e ninguno pueda pretender ygnorancia mandamos que esta nuestra carta sea pregonada por las plazas e lugares acostumbrados desa dicha cibdad e de las principales cibdades e villas e lugares de su obispado por pregonero e ante escribano público.
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E los unos ni los otros non fagades ni fagan ende al por alguna manera so pena de la nuestra merced e de pribacion de los oficios e confiscaçion de los bienes a cada uno que lo contrario fiziere. E demas mandamos al omen que les esta nuestra carta mostráre que los enplace que parezcan ante nos en la nuestra Corte, do quier que nos seamos del dia que los enplazare fasta quinze dias primeros siguientes so la dicha pena so la qual mandamos a qualquier escribano publico que para esto fuere llamado que de ende al que vos la mostrare testimonio signado con su signo, porque nos sepamos cómo se cunple nuestro mandado.
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Dada en la nuestra cibdad de Granada a XXXI dias del mes de marzo año del nasçimiento de nuestro señor Ihesuchristo de mill e quatrocientos e noventa e dos años. Yo el rey, yo la reyna. Yo Juan de Coloma, secretario del rey e de la reyna nuestros señores la fize escrivir por su mandado. Registrada Cabrera, Almazan chanceller.

  • VIII

    Abeja blanca zumbas —ebria de miel— en mi alma
    y te tuerces en lentas espirales de humo.

    Soy el desesperado, la palabra sin ecos,
    el que lo perdió todo, y el que todo lo tuvo.

    Ultima amarra, cruje en ti mi ansiedad última.
    En mi tierra desierta eres la última rosa.

    Ah silenciosa!
    Cierra tus ojos profundos. Allí aletea la noche.

    Ah desnuda tu cuerpo de estatua temerosa.
    Tienes ojos profundos donde la noche alea.

    Frescos brazos de flor y regazo de rosa.
    Se parecen tus senos a los caracoles blancos.
    Ha venido a dormirse en tu vientre una mariposa de sombra.

    Ah silenciosa!

    He aquí la soledad de donde estás ausente.
    Llueve. El viento del mar caza errantes gaviotas.

    El agua anda descalza por las calles mojadas.
    De aquel árbol se quejan, como enfermos, las hojas.

    Abeja blanca, ausente, aún zumbas en mi alma.
    Revives en el tiempo, delgada y silenciosa.

    Ah silenciosa!
    ------- Pablo Neruda

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

  • MOMENTO ERÓTICO
Imagem: Chera Leigh

  • O EDEN PARK COMO AUDITÓRIO MUNICIPAL DE SÃO VICENTE

    O Eden Park tem preocupado muita gente desde há alguns anos, mas continua tudo na mesma – sem solução para a sua utilidade cultural (o problema não é, nem deverá ser, o facto do mesmo estar devoluto ou não). O facto de estarmos a cerca de um ano das eleições pode ter um efeito positivo na solução do problema. Segue uma
    Petição na internet apelando às entidades públicas para salvar o "património cultural e de memória da cultura nacional". Como mindelense, tenho as minhas dúvidas, hoje, de que o Eden Park seja "memória da cultura Nacional" – sendo que tenho, pessoalmente, belas e belíssimas memórias do local. Agora que é património do povo mindelense, não tenho dúvidas disso!

    Não assinei nem assinarei a Petição, quer por não me rever na forma e no conteúdo, quer porque as petições – mesmo quando são enviadas às entidades competente – têm o tratamento que têm em Cabo Verde. Quantos é que andam na Assembleia Nacional a apodrecer”, não é, ó Nuno Marques? Pois é… As entidades públicas e os cidadãos (promovi, há cerca de dois anos – quando a questão estava, como hoje, com foro de "acontecimento" de uma espécie de sylly season tardia ou de esgotamento temático –, a ideia dos cabo-verdianos na diáspora comprarem o Eden Park, sem feed back) há muito que sabem o que se passa com o Eden Park e não são petições que determinam as acções mas sim o timming político para se tomar as decisões. É preciso agir, sem delongas.

    O Eden Park é património dos mindelenses, e caso não tenha sido declarado Património Municipal, o Município dev(eria) declarar o edifício como Património Municipal e de Interesse Social e Cultural (pedir ao Ministério da Cultura que o declare de interesse cultural e nacional é pedir muito, não é? Se fosse outro Ministério ou outro Ministro da Cultura, seria questão equacionável). O que, em parte, impedirá a sua destruição para fins não culturais e, no plano jurídico, garantiria uma posição de preferência em caso de alienação – desde que não haja, entretanto, obrigações contratuais que devam ser cumpridas.

    Na verdade, o Município deveria adquirir o edifício – o que deveria ter feito há muito, diga-se en passant – e dar-lhe a utilidade devida: voltar a ser uma sala de espectáculos e de cultura digna da cidade do Mindelo. O Eden Park como um Auditório Municipal, e simultaneamente um cinema e centro de Exposições, seria um ganho para os mindelenses e uma vitória política considerável de Isaura Gomes e do seu executivo. O que se deve salvar não são os resquícios do passado, mas sim o futuro cultural de São Vicente – e o Eden Park pode e deve desempenhar um papel fundamental neste plano. É uma decisão que tarda, mas que ainda tem tempo. Os proprietários do edifício deverão ter em consideração o interesse objectivo da cidade, e alienar o edifício ao Município, por venda ou permuta com outros prédios municipais.

    Em caso de falta de liquidez do Município, que se recorra à Banca! O Eden Park, bem gerido, poderá ser auto-sustentável – mas mesmo que o não fosse, a população mindelense tem um handicap cultural que o Município pode e deve resolver. Se a ideia da Presidente da Câmara, Isaura Gomes, de criar uma Orquestra Municipal não estiver esquecida, e não creio que esteja, o Eden Park é, seria, o seu espaço natural – isso para além de servir como um Auditório multifacetado e digno para o Teatro, o Cinema nacional e outras formas de manifestação cultural das nossas gentes. Seria uma boa prenda de dia dos Reis que o Município daria aos mindelenses e uma forma de marcar o início da nova década.

    Não é o edifício em si que é importante, mas o que representa no plano cultural. Assim, não me chocaria de todo, e se calhar será um imperativo, que o Eden Park viesse a ser alargado em altura – respeitando a traça arquitectónica original – para dar lugar a um espaço moderno de lazer e que fosse uma extensão da Praça Nova. As possibilidades são imensas, o limite é a imaginação e a capacidade de inovar numa cidade social e culturalmente adormecida. Vamos ficar à espera, da capacidade de iniciativa e de fazer obra para o futuro.

    A Camara Minicipal de S. Vicente é que não deveria estar à espera do Governo – até porque o Ministro Manuel Veiga já disse que não tem verba inscrita no Orçamento do Estado. Isto é, demarcou-se da questão de fundo. A questão é de S. Vicente e dos seus cidadãos. Assim, que os representantes dos munícipes de S. Vicente façam o que têm de fazer. Res non verba (mais acção e menos palavra – em voz popular).

  • ME DIJO UN ALBA DE LA PRIMAVERA

    Me dijo un alba de la primavera:
    Yo florecí en tu corazón sombrío
    ha muchos años, caminante viejo
    que no cortas las flores del camino.

    Tu corazón de sombra ¿acaso guarda
    el viejo aroma de mis viejos lirios?
    ¿Perfuman aún mis rosas la alba frente
    del hada de tu sueño adamantino?

    Respondí a la mañana:
    Sólo tienen cristal los sueños míos.
    Yo no conozco el hada de mis sueños;
    no sé si está mi corazón florido.

    Pero si aguardas la mañana pura
    que ha de romper el vaso cristalino,
    quizás el hada te dará tus rosas,
    mi corazón tus lirios.
    ------ António Machado

  • VOZES DE ATENTAR...
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    Tragedy was a Greek creation because in Greece thought was free, Edith Hamilton
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    Imagem: O Cavalo do Circo - Marc Chagall

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

  • LIVROS QUE MERECEM MAIS DO QUE SER LIDOS...
POUND/JOYCE, The Letters of Ezra Pound to James Joyce, with Pound's Essays on Joyce

  • MEMÓRIAS DA DÉCADA…
Para quem gosta de música, o albúm (é, ainda chamo assim às obras de arte…) Soul de Seal é imperdível. Uma das melhores obras da década que termina. Se tiver sorte, conseguirá ouvir “Here I Am (Come and Take Me)” ou “It's A Mans Mans Mans World” aqui no Terra-Longe.

  • PERGUNTAS DO ÉDEN E A CULTURA
Será que o país Cabo Verde precisa de um Ministério da Cultura que não consegue resolver o problema de um cinema como o Eden Park? O Ministério não tem dotação orçamental para 2010 para poder pensar em resolver o affair Eden Park, ó M.I. Ministro Manuel Veiga? Mas onde anda a imaginação e a capacidade de gestão dos dossiers, a “boa governação” cultural? É impressão minha ou qualquer coisa está errado no discurso do Ministro da Cultura e do Primeiro Ministro? É que não foi este que disse que a cultura será uma prioridade do Governo de Cabo Verde em 2010? É estranho, mas se todos querem salvar o Eden Park, porque o deixam definhar? A mim parece-me que está propositadamente à espera do Messias.

Ah, e pergunto ao Ministro da Cultura: orçamento do MC é para quê e chega para quê? Não chegará para o Eden Park, dirá o Ministro da Cultura. Mas não chega(rá), já, de ter-se uma cidade sem o Mindelo sem Cinema? Parece-me que sim. Mas abaixos assinados não chegam, nem chegarão enquanto não existir vontade política para se levar mais cultura ao Mindelo. (É claro que o Governo não tem nenhuma política de embrutecimento da população.)
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A reintrodução do cinema no Mindelo dá votos, muitos votos – alguém já percebeu isso? Se eu fosse político, e tivesse dinheiro para comprar o Eden, compraria o cinema paraíso e o devolveria à cidade... pois seria uma acção política básica, muito básica, segundo a ciência política.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

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My eyes are geared for the horizon, Ezra Pound
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Image: Jack Kerouac

domingo, 27 de dezembro de 2009

  • VOZES DE ATENTAR…
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    The mechanisms of power are addressed to the body, to life, to what causes it to proliferate, to what reinforces the species, its stamina, its ability to dominate, or its capacity for being used. Michel Foucault

Image: Chema Madoz

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¡Es manãna!
¿Hoy es Mañana?
Niño azul, no existe luz si no es la luz que emerge de las tinieblas.
Y yo soy el hombre negro, la luz
el hogar natural de Dios.

Imagem: Chema Madoz

sábado, 26 de dezembro de 2009

  • E SÓ NESSE DIA OUTRO BORGES NÃO SERÁS

    Nos teus deslumbrados olhos um tigre inteiramente doirado
    E um outro inteiramente preto disputam os anjos

    De Blake. Frios, esperam os espelhos que acordes
    Para que te nomeiem. Já não sabe o labirinto

    Nem o sul e as pampas ou o degolado templo
    De Dagon o sabem — do antigo e secreto caminho

    Que a teus olhos de volta conduz. A mão dita-te
    O epitáfio e lê-te a rosa o esquecimento qu’inda luz.

    O caixão, que por Genebra ninguém viu passar, cru
    Levam-no Muraña e, reconciliados, os irmãos Iberra.

    Um dia, quando do teu sono acordares, Georgie,
    Banhada em êxtase e tango, terás defronte a ti, sob a Lua,

    Um infame, um vil, a limpar-te na glande o resto do sêmen
    Com uma navalha que a mais nenhuma mão obedecerá.

---- Vadinho Velhinho

  • JOB XXI PARA A MULHER

    Tem o peso das ramas de kratos, o mundo.
    O teu aroma fê-lo pele do beijo,
    alma que frigia nas horas.

    Que atrevimento! Escolher…
    A única escolha te enforma, sabes?

    Lares, aí: espreita de dentro — constrói.
    "É o que ela faz", dizem-me os de Ai
    com a tarde a cair, junta, justa de dor.

    Tem o peso do mundo, esse tu
    que transportas,
    sabes?

    Ah, sabina de mim! dá-me,
    dá-me a tua mão,
    tua fenda,
    teu ai!

    A morte vai almoçar, hoje.
    O Apocalipse, por fim veio, nu.
    Verá o Tejo, o Atlântico sul e mais.
    Dei-lhe veneno, e sorri.
    Sorri para mim…
    Venari, lavare, ludere, ridere, occest vivere
    aconselha-me, grato de raízes.

    Aprendemos, com os deuses
    depois de morrerem,
    não é, ventre dos meus cantos?

Hic et ubique – aqui e em todo o lado...

  • VOZES DE ATENTAR…
Entiende que la verdadera riqueza es tener lo que realmente se necesita para una vida feliz y averiguarás cuán fácil es satisfacerla completamente; cree, erróneamente, que la riqueza consiste en poseer todo lo que uno pudiera posiblemente imaginar y soñar, y no habrá nunca un término para tus afanes y sudores. Epicuro

Imagem: O quarto amarelo - Marc Chagall

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

  • EL DISCÍPULO
Tu lenguaje, Señor, es muy sencillo,
mas no así el de tus discípulos
que hablan en tu nombre.
Yo comprendo la voz de tus alas
y el silencio de tus árboles.
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Comprendo la escritura de tus estrellas
con que nos explicas el cielo.
Comprendo la líquida redacción de tus ríos
y el idioma soñador del humo,
en donde se evaporan
los sueños de los hombres.
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Yo entiendo, Señor, tu mundo,
que la luz nos describe cada día
con su tenue voz.
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Y beso en la luz la orilla de tu manto.
El viento pasa enumerando
tus flores y tus piedras.
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Y yo, de rodillas,
te toco en la piedra y en la flor.
A veces pego mi oído
al corazón de la noche
para oír el eco de tu corazón.
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Tu lenguaje es sencillo, mas no así
el de tus discípulos que hablan en tu nombre.
Pero yo te comprendo, Señor.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

  • O NATAL E O MEU POETA
Se pudesse oferecer uma prenda ao Mundo, dava-lhe um coração diz-me o meu poeta.

  • EROTIC CHRISTMAS

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

  • NATAL — A PAGANIZAÇÃO DO CRISTIANISMO
O Natal. É uma das histórias mais fascinantes da bibliografia ocidental. A Gelásio I, Júlio Africano e Constantino I se devem, em grande parte, a existência desta história — como a conhecemos hoje. A natureza cristã de Gelásio e de Africano são inquestionáveis, já de Constantino I... Este, Imperador romano do ocidente, é tido como o primeiro imperador cristão. O que não é, em boa verdade, uma afirmação que seja historicamente sustentada. O primeiro imperador cristão precede-o em um século, mas isso fica para outro momento, outras núpcias e local. Constantino, na verdade, era pouco cristão — no sentido próprio da palavra.

Procurando vestígios numismáticos (procurava uma moeda de Tibério — a que Jesus Cristo terá tido nas suas mãos — e uma de Clodio Albino) para um documento, deparei-me com esta moeda de Constantino — e que prova o que eu sempre pensei dele: era muito pouco cristão e ostentava uma vaidade extrema, o que é coisa pouco cristã. A moeda diz D N CONSTANTINVS P F AVG na cara da moeda. Isto é, Dominus Nostrum Constantinus Pater Felix Augustus. No verso da moeda — vê-se o símbolo da deusa da vitória e um extraordinário quatro vezes Augusto (!!!).

Um cristão nunca usaria estes símbolos (note-se que o Imperador Adriano desencorajava o uso do termo Dominus=Senhor e Alexandre Severo recusaria o título). Ao ver este registo numismático consegui perceber como Constantino logrou convencer Lícínio — Imperador romano do Oriente — a ditar o Édito de Milão ou Édito da Tolerância de 313 d.C e, no processo, fazê-lo desaparecer da história. O cristianismo tornou-se, então, res publica — coisa pública, objecto do Império enquanto religião oficial que procederia à nacionalização dos deuses dos povos do império e os renomaria de deuses a santos.

Resta aqui a origem da Igreja Católica Apostólica Romana, e a paganização do cristianismo. O nomen de cristão de Constantino I foi uma acção política, a pax romana sem espada, a pax romana do verbo divino. Teve, concedo, qualquer coisa de génio: uma visão extraordinária do Mundo unido sobre o mesmo lema sem se recorrer à força. Maomé faria a sua imitatio, e também lograria sucesso. Constantino não era um cristão, era um político! A sua mãe, Helena, sim; ela era uma cristã devota. E celebramos o Natal, uma festa uma festa de origem afro-asiática
Horus, fugindo de Set, sempre chegou ao Egipto! e Júlio Africano dir-nos-ia que foi a 25 de Dezembro que Jesus Cristo nasceu, e seguiu as mesmas pisadas de Horus (Ah! Esquecia-me: o Deus menino africano, Horus — assim como Mitra — nasceu no dia 25 de Dezembro).

A vitória do cristianismo de Constantino foi a derrota do cristianismo de Jesus Cristo que Tertuliano, Origenes e os pater da igreja de Alexandria fundamentaram e sustentaram. A vitória do cristianismo foi uma vitória pírrica, como se vê hoje.

Imagem: Aureos ou solidus de Constantino I

  • MOMENTO ERÓTICO
Imagem: Cigana - Jean Louis Grieg

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

  • AS GRÁVIDAS AMERICANAS NO IRAQUE E A GUERRA QUÍMICA
O que se passa com as mulheres soldado no Iraque? A Stars and Stripes, diz que U.S. "personnel in Iraq could face court-martial for getting pregnant" e o El País faz eco da notícia. A mulher que, em comissão de serviço no norte do Iraque, ficar grávida fica sujeita a Conselho de Guerra, podendo ser presa por tal “falta”. O marido também, se for casada.

A ideia que as autoridades americanas transmitem é de a decisão é sustentada em razões de ordem puramente militares, de disciplina no seio da instituição. Poderia ser, poderia ser que fossem essas as razões — nem por isso menos abusiva e para além do que é admissível no plano dos direitos fundamentais da mulher —, mas tal medida deveria ser aplicada a toda a instituição. Porque somente no norte do Iraque, e não no resto do país e noutros palcos bélicos como o Afeganistão? — pergunta-se.

Para mim a razão fundamental resultará no facto — conhecido mas escondido — de que foram usadas armas químicas e biológicas no norte do Iraque (e não foi somente contra os curdos no tempo Saddam Hussein, não!). As crianças nascidas nessa zona do país sofrem de mal formações graves, de tal forma que inviabilizam os fetos ou uma vida normal das crianças quando nascidas. Um acontecimento digno de um episódio de Frankenstein e que horroriza as mães do norte do Iraque: vêm na sua gravidez e no parto um horror, não sabendo o que irá nascer.

O nascimento de um filho normal no norte do Iraque é um milagre, uma festa. As razões do exército norte-americano? Certamente que não devem querer que as suas mulheres em serviço militar voltem aos Estados Unidos com crianças com as marcas que provem a guerra química e biológica que ocorreu no Iraque — e não se pode acusar Saddam Hussein disso. There is something rotten in the north of Iraq
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Imagem: Jean Louis Grig — Fécondités

  • LIVROS QUE MERECEM MAIS DO QUE SER LIDOS…
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    El Amor, las Mujeres y la Muerte, Schopenhauer
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    Imagem: Kinder Jean Louis Gieg

  • VOZES DE ATENTAR

    El amor tiene por fundamento un instinto dirigido a la reproducción de la especie,
    Schopenhauer

    Jean Louis Gieg - La pomme de la discorde

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

domingo, 20 de dezembro de 2009

The Global Gender Gap Report 2009
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Cá está um relário a ser lido com atenção.
Por onde anda Cabo Verde neste Relatório do Fórum Económico Mundial? Estranho o silêncio sobre este, e o barulho em torno de outros...


  • La dama de palacio no se deleita en el ocio;
    dedica su tiempo a los últimos versos.
    Pues la poesía puede
    ser un substituto de la flor del olvido
    y curar la enfermedad del tedio.
    ----- Hsu Ling

Praying, Samael

  • NOTA ÀS CONGREGAÇÕES
Chove em Lisboa, trespassam as almas as gotas frias, insensíveis aos desejos de um dia são, de calor – do outro. Renova os mecanismos do seu amor, a chuva. Bato um recorde, de dia novos, de papéis e almas duras – um laivo de amor convicto alimentaria até os micróbios que consomem Deus (terrível, essa raiz de todos os males, não é Lutero?).

Eu, admiro-me; mas não admiro os que chegam com a multidão transportando o carmim que já foi verde, negro apaixonado ou outra coisa qualquer. Os camaleões estão no tecido da floresta, baptizados – festejam o que podem. Os consolos? Ah, os consolos! São cinzentos: Aminatu Aidar regressa à casa, não que queria mas a que pode. É "uma vitória da causa Saraui" – diz. Concordo, é uma vitória da causa sarauí, não é uma vitória para a causa sarauí. Faz diferença, e muita. Assim o dizia, o Janus…

O mundo continua a rodar. E declaro, com a chuva a cair, por minha honra e sob as penas das leis divinas e do maior dos juízes – a minha consciência –, que não sei nadar. Não sei nadar, e só gosto da nudez do carnaval. A ELECTRA vê a luz no fundo do túnel: o dinheiro do futuro.

Pesca do Atum – Salvador Dali

sábado, 19 de dezembro de 2009

  • AMINATU HAIDAR
Tivesse eu outra língua
e outra gramática de afectos
o pensamento chegaria para te lembrar
que por breves instantes um dia,
neste dia, foste centro do mundo
e raínha no coração da 'casa da alegria'.
----- Alex (José Cunha)

Imagem: Le Chant de la violette, Rene Magritte

  • EL VIAJE DEFINITIVO

    . . . Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros
    cantando;
    y se quedará mi huerto, con su verde árbol,
    y con su pozo blanco.
    Todas las tardes, el cielo será azul y plácido;
    y tocarán, como esta tarde están tocando,
    las campanas del campanario.
    Se morirán aquellos que me amaron;
    y el pueblo se hará nuevo cada año;
    y en el rincón aquel de mi huerto florido y encalado,
    mi espíritu errará, nostáljico . . .
    Y yo me iré; y estaré solo, sin hogar, sin árbol
    verde, sin pozo blanco,
    sin cielo azul y plácido . . .
    Y se quedarán los pájaros cantando.
    ----- Juan Ramón Jiménez

Imagens: Luis Royo

  • PROVÉRBIOS DO INFERNO

    «A nudez da mulher é a obra de Deus.», William Blake, «Provérbios do Inferno (25)», in O Casamento do Céu e do Inferno
Imagem: Salvador Dali

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

  • Aos leitores, ouvintes e amigos de e em terra-longe.

  • DEMOCRACIA, D. DULCINEIA E CUNEGUNDES

    A propósito da minha pátria, pergunto: será que sabemos que a democracia é um dado de cultura, um produto de cultura? Por vezes, ao ouvir alguns discursos políticos, espanto-me e penso que não – que estamos à deriva no plano histórico, que o passado é uma esponja que drena o nosso futuro. Ó Deus – deuses da gaia ciência, para os ateus e agnósticos – dê-nos substância, substância! E pão, e trabalho, e cultura, cultura democrática… já agora.

    A democracia cabo-verdiana é vista com os olhos de D. Quixote por uns, e com os de Cândido por outros – uns logram ver Dona Dulcineia del Toboso e outros a baronete Cunegundes. Perspectivas pragmáticas, ou cultura?

    Imagem: Salvador Dali - Dona Dulcineia (1981)

"Esto es un triunfo. Una victoria del derecho internacional, de los derechos humanos, de la justicia internacional y de la causa saharaui" – Aminatu Aidar

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

  • "CONCIENCIA PLENA"
Tú me llevas, conciencia plena, deseante dios,
por todo el mundo.
En este mar tercero,
casi oigo tu voz;
tu voz del viento
ocupante total del movimiento;
de los colores, de las luces
eternos y marinos.

Tu voz de fuego blanco
en la totalidad del agua, el barco, el cielo,
lineando las rutas con delicia,
grabándome con fúljido mi órbita segura
de cuerpo negro
con el diamante lúcido en su dentro
----- Juan Ramón Jiménez

Imagem: Delicia Gordon

  • ¿Que está mirando? ¿Será que es Venus Victrix y su sonrisa?…

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MILLENNIUM CHALLENGE ACCOUNT

E se lêssemos um pouco do programa
Millenium Challeng Account?

  • EXERCÍCIOS DE HUMILDADE

    Quando sou tentado a pensar que sei alguma coisa de seja o que for, agarro num livro de uma ciência em que sou, ao nível do saber, pouco mais que uma batata doce assada, e lembro-me de alguns sábios, de criadores de beleza, de Herodes Antipas. Acabei de escrever um poema, e lembrei-me de Renoir. Dizia Pierre-August Renoir, dia 3 de Dezembro de 1919: «Creio que pouco a pouco entendo alguma coisa disto». Nesse dia terminou o seu último quadro – morreu.
    .
    Apaguei o poema. O mundo roda…
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    Imagem: Pierre-August Renoir

terça-feira, 15 de dezembro de 2009


OUTRA FORMA DE DIZER E DE LEMBRAR
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Sobre a violação das competências legislativas constantes da Constituição e as suas consequências no Estado de Direito Democrático.

Tribunal Constitucional

Declara, com força obrigatória geral, a inconstitucionalidade da norma constante do artigo 138.º, n.º 2, do Código da Estrada, na redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de Fevereiro, na parte em que submete ao regime do crime de desobediência qualificada quem conduzir veículos automóveis estando proibido de o fazer por força da aplicação da pena acessória prevista no artigo 69.º do Código Penal, constante de sentença criminal transitada em julgado, por violação do disposto na alínea c) do n.º 1 do artigo 165.º da Constituição da República Portuguesa
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Imagem: David's Madame Recamier Perspective I, Renè Magritte

A RÁDIO EM CABO VERDE

Oiço os veteranos da Rádio de Cabo Verde, e algumas críticas demolidoras – a oposição não faria, não tem feito melhor – sobre a política da comunicação social. Dá que pensar, e pensar a sério. Fica, aos que trabalham na comunicação social cabo-verdiana – aos jornalistas em particular – este pensamento de Eça de Queirós: "A actividade do jornalismo nunca deve abrandar, a sua consciência deve ter sempre o mesmo vigor, a sua pena o mesmo colorido, o seu sentimento moral a mesma justa intensidade."

A comunicação social é o “quarto poder”? Parece que ainda estamos longe, longe da independência necessária – restará a consciência dos homens e das mulheres que assumem o papel de informar e de contribuir para formar os cidadãos. Sim, a taxa de radiodifusão é uma necessidade que se impõe e se justifica – tem é de ser repensada no quadro de uma economia de mercado.

Imagem: A Volksempfänger - receptor do povo (ideia de Goebbels...). O Wolkswagen da comunicação.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

  • GEPPETTO,1 PINOCCHIO AND SHORT LEGS

    — And how can you possibly know that I have told a lie?
    — Lies, my dear boy, are found out immediately, because they are of two sorts. There are lies that have short legs, and lies that have long noses. Your lie, as it happens, is one of those that have a long nose.
    in Carlo Collodi, Pinocchio
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1 Master António or Master Cherry.
.......... Ah! Escrevo isso ao me lembrar de ouvir alguns deputados dizer que a revisão da Revisão da Constituição que o processo estava entravado por causa do Conselho Superior da Magistratura... não altura disse que não seria por causa disso, como se viu.
........Agora, também digo que a Revisão, em alguns artigos do Memorando de entendimento, não poderá ser feita — mesmo que fosse constitucionalmente admissível, e não é — por haver outro entrave formal ao nível constiucional.

domingo, 13 de dezembro de 2009

  • POEMA SALGADO

    Eu nasci na ponta-da-praia
    por isso trago dentro de mim
    todos os mares do Mundo

    Meu correio são as ondas
    que me trazem e levam
    recados e segredos

    E meus bilhetes
    (meus bilhetinhos de saudade)
    são suspiros salgados
    que as sereias recolhem
    da crista das ondas

    Nas conchas e búzios
    de todos os mares do Mundo
    ficaram encerradas
    minhas canções de amor

    Que eu nasci na ponta-da-praia
    Por isso trago dentro de mim
    todos os mares do Mundo.
    ----- Ovídio Martins

    Imagem: H.R. Geiger

  • COLUMBANDO…

Ah, cá está! Cá está a razão porque se diz que os gatos têm sete vidas…

Imagem: Belo gato, não é?

sábado, 12 de dezembro de 2009

  • DUAS CABEÇAS, DOIS PAÍSES?
A abertura das hostilidades entre José Maria Neves e Carlos Veiga fez-me lembrar Janos Bifrons. O Millenium Challenge Account II é uma boa almofada, mas não há sombra de bananeira, não. Outro mas: não somos o Biafra, não. A natureza das coisas, da situação e a ciência vertida em praxis determinará o que o povo dirá em sentença de urna em 2011. Entretanto, é bom lembrar que enquanto uns vivem por dois ou três – com pessoas a duplicar e triplicar empregos, cargos, funções e respectivas remunerações –, o povo sobrevive no fio da navalha do milagre doméstico.

Duas visões diferentes do país? Ou será que são duas perspectivas diferentes de ver e de analizar a realidade? Talvez seja, ou talvez sejam ambas as coisas. “Em casa de pobre todos ralham e ninguém tem razão” – diz voz antiga, do vulgo é claro. O povo tem outra perspectiva, uma terceira via de ver, diz-me o meu poeta. Quis saber qual, e diz-me:

— O povo vive com um emprego, e faz contas ao salário em tremissis.

Imagem: Janus Bifrons, na cara da primeira moeda circular de cobre a ser emitida em Roma.

  • A...
    (Kern)
Recuerdo aquel instante prodigioso
en el que apareciste frente a mí,l
o mismo que una efímera visión
igual que un genio de belleza pura.

En mi languidecer sin esperanza,
en las zozobras del ruidoso afán,
tu tierna voz se oyó en mi largo tiempo
y soñaba con tus divinos rasgos.

Transcurrieron los años. La agitada
tormenta dispersó los viejos sueños
y al olvido entregué tu tierna voz
así como tus rasgos celestiales.

En cautiverio oscuro y tenebroso
mis días en silencio se arrastraban,
sin la deidad y sin la inspiración,
sin lágrimas, sin vida, sin amor.

Mas ahora que el despertar llegó a mi alma,
y de nuevo apareces ante mí,
lo mismo que una efímera visión
igual que un genio de belleza pura.

Y el corazón me late arrebatado
porque en él nuevamente resucitan
La inspiración y la divinidad
y la vida, y el llanto y el amor.
---- Alexandr Pushkin

Imagem: Alexandr Pushkin