- MENOS ELECTRA E MAIS LUZ
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Percebo a perspectiva do «consumidor pagador» do Governo, assim como a sua necessidade de receitas, mas não me parece uma medida adequada, justa ou necessária, pois existem outras soluções.
É que devemos, reinvocando Rabindranath Tagore, estender as nossas pernas de acordo com o tamanho do nosso lençol; mas não – nem nos atrevemos a estender as pernas, quanto mais tapá-las. Sejamos atrevidos a pensar e a agir! O povo não pode nem deve pagar tudo; muito menos pela incapacidade das pessoas (entenda-se governantes e administradores da coisa pública) resolverem os problemas que têm o dever de resolver.
É que, como está claro, a ELECTRA não é panaceia para os problemas energéticos do país, e não é mais uma taxa que irá resolver os seus males estruturais. As alternativas não podem ser somente um nomen; devem ser mais que isso, devem ser exploradas até à exaustão – é assim que uma economia pobre faz (o exemplo familiar não é despiciendo).
Um dia destes os bancos se lembrarão de financiar sistemas alternativos de produção de electricidade e aparecerá uma nova forma de fazer negócio e de ajudar o Governo que, também, não pode tudo. Só o não o devem ter feito até ao momento por causa da incipiente capacidade económica da maioria das pessoas. Mas é de pensar, nomeadamente as empresas de construção civil e de obras públicas, em dotar os novos edifícios de sistemas domésticos de energia fotovoltaica, embutindo os custos no valor dos imóveis. Já agora, que o Governo subsidie essas estruturas e/ou conceda benefícios fiscais a quem optar por essas soluções.
É que, quem não caça com cão, caça com gato; que é dizer, se a ELECTRA não dá (à) luz, o Sol dá muito, e gratuito. O país precisa (é uma evidência de há muito), com carácter de urgência, de uma revolução energética. É um dos pontos fortes do programa de Barack Obama para mudar a América e fortalecer a sua economia (são milhões, diariamente gastos em importação de energia) do país. E, como se percebe pela campanha, é matéria que John MaCain não contraria, pois sabe – mesmo tendo ligações aos Bush, conhecidos pelas suas ligações ao mundo do petróleo (daí não me admirar considerar este sector fundamental... que o é, mas...) – que tal é um imperativo para todas a s nações do Mundo.
E é quem mais precisa que não vê isso – mais, que não faz! Esta situação lembra-me de, há alguns anos, haver concertos de música clássica no Fórum Picoas, em Lisboa. Estava lá, sempre e religiosamente, aos domingos, mas a sala andava quase sempre às moscas. A razão? A entrada era gratuita. Porque será que as pessoas gostam de tudo o que é caro e não atentem nas coisas pelo que são, pela sua utilidade? Vaidade de vaidades, ou algo mais do que isso?
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