- OS POMBOS E O PMI DE LISBOA
Em Lisboa, há já algum tempo, foi proibido dar de comer aos pombos. Isso porque, na óptica do Município, os ditos andavam a «estragar» os monumentos, a causar prejuízos à autarquia com a manutenção dos edifícios, e, imagine-se, a procriarem demais!
Solução: só a autarquia pode alimentar os pombos, com alimentos contendo contraceptivo. Grande ideia de controlo de natalidade! Deveria ser registada na WIPO e vendida à China, à Índia, às Filipinas... (a Europa não precisa, pois anda é preocupada com a normalização do «tamanho» do preservativo – e depois admiram-se, segundo se diz, que os desgraçados saltem ou rebentem). Imagine só: arroz e milho com contraceptivo! Ah, se o Papa sabe! Ouvi dizer que o Cardeal Patriarca de Lisboa não vê pombos nem pombinhas, por isso não sabe de nada; logo, o Papa não pode saber.
Agora, é cada vez mais difícil dar milho aos pombos e estes, famintos, vão diminuindo aos pouco a sua prole e, pairando junto ao Tejo (as gaivotas migraram para a Costa da Caparica), pensam em emigrar; mas as asas são pequenas e «o continente mais próximo é África», disseram-lhes.
Pensaram melhor, os pombos, e decidiram ficar por cá; pois sempre é melhor que acabar na panela de alguém ou servir de churrasco às gentes de Plateau, Achada de Santo António ou Bela Vista. Falei com eles e suplicaram-me para pedir ao Felisberto Vieira para não emigrar para Lisboa, mesmo que goste de pombinhas coradas – acompanhadas de umas frescas – e pudesse dar uma ajudinha à Câmara Municipal de Lisboa. Disse que, iria mandar um recado; mas não sei como fazer. Ficaram preocupados, os pombos e as pombas de Lisboa.
E miram o horizonte (não será melhor o oriente?, com a crise que anda por aí...), tentados pela fantasia de uma terra-longe. Se decidirem por ir e não ficar, que levem a beleza toda. Toda!, digo. Pois terra que gosta mais de coisa que de vida, é finisterra.
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- Imagem: Três pombinhos junto do Rio Tejo
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