sexta-feira, 17 de outubro de 2008

  • OS SÁBIOS CONSELHOS SÃO PARA A CABEÇA
Perguntava a um amigo por um outro que não via há já algum tempo.

– Morreu – respondeu-me.
– Morreu, mas como morreu? Não se brinca com essas coisas, pá... – disse, meio indignado.
– É verdade, morreu mesmo. Há alguns meses... – asseverou-me, sem laivo de jocosidade, e percebi que falava verdade, que o nosso amigo tinha morrido mesmo. E perguntei-lhe, naturalmente, qual foi a causa da sua morte, pois tinha pouco mais de 30 anos.
– De SIDA.
– SIDA..., dizes?
– Sim, isso mesmo. Sabes como ele era, não é?

Sim, sabia... Era um descuidado, mais mulherengo que o meu pai (deixou «uma carrada» de filhos) e não gostava de camisinhas. Lembro-me de, um dia, percebeu que tirava o filtro aos meus «cigarillos negros» e perguntou-me:

– Virgílio, porque tiras o filtro a esses cigarros horrorosos (fumo tabaco negro que, sendo mais forte que o normal, incomoda mais que o shelltox – dizem as más línguas e os estragadores do prazer)?

Respondi-lhe com outra pergunta (que faço sempre a quem me questiona sobre este aspecto deste meu prazer):

– Sabes qual é a diferença entre fumar com filtro e sem filtro?
– Não, não sei... – volveu.
– Bem, X, a diferença é como fazer amor; com, ou sem camisinha!
Riu-se, bastante; e disse-me:

– Ah..., és dos meus! Eu não gosto de preservativos, não. Gosto é de carne com carne; sabes como é, não sabes?

Saber..., saber, sabia; pois ainda não fui para monge e já não sou virgem no que a mulheres diz respeito. Mas não pude deixar de olhar para ele, meio espantado com a resposta, com a sua inconsciência e, metendo a mão no bolso, agarrei em duas camisinhas e ofereci-lhas, dizendo:

– X, mete isto na cabeça!

Vejo, agora, que não seguiu o meu conselho...

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