- O DIA DA CULTURA CABO-VERDIANA
Estou a trabalhar num livro, sou absorvido por ele, pelo prazer de escrever o que quer... até que, de repente, lembro-me: comemorou-se o dia da Cultura em Cabo Verde... Estaciono a alma e pergunto-me: «Mas será que, com o (não) Estado da cultura, a mesma merece ser comemorada?» Ah, o que quer dizer comemorar?...
Houve, dizem-me, cantigas de agora e de antigamente (li, algures, algumas de escárnio e de maldizer); mas acho que deveria ter-se cantado o Djosa, pois a cultura está a caminho, a passos largos, de 1888 (d´zoit dôs ôite). Sim, a cultura está pelas horas da morte – ouvi dizer. Pensando nisso, disse ao meu poeta:
– Imitar Yukio Mishima não é, de todo, o caminho; de todas as perspectivas possíveis.
– Um enfarte do miocárdio será uma prenda extemporânea do Orçamento de Estado de 2009 à cultura? – perguntou-me, então, o meu poeta.
– Não..., acho que será mais inverno para o reumatismo crónico – respondi, usando desconhecidos dotes e dons de prognosticador. Sempre é melhor que 1888, não é?
Ah!, e lembro-me, persegue-me nestes dias – de Joubert: «Quem tem imaginação, mas não tem cultura, possui asas, mas não tem pés». E oiço, agora, o grito do anafado no sofá (vidrado no televisor, a ver a novela e rezando à ELECTRA para que não falte luz):
– Mas quem precisa de pés? Só se for para ir para o festival...
- Imagem: Crane of Diamants, Damien Hirst
2 comentários:
fogo!! que pensamento optimista* pra nossa cultura...mas cheio de razão eh eh
fca dret
*optimista- [ cliente da Optimus]
Hiena( pessimista nas horas vagas)
Hiena,
ês cosa ê cabelud...
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