sexta-feira, 24 de abril de 2009

  • AS ROSAS DE HELIOGABALUS

Agora que nas pétalas de rosa naufraguei
e a harpa rompe os dias das asas purpurinas,
tenho todas as penitências do mundo,
todos os remorços de Eloah sobre mim
– não sou Amon, sou o outro filho de David
padecendo do mesmo mal: a rosa de Sharon.

Agora, que o plano dos criadores fende a hora,
estou sentado à mesa de Heliogabalus
– são três horas da manhã, o vinho é de Creta,
os capões de Cápua, as ninfas do meu berço,
a água da Cantabria, o beijo sonho-de-ti
antes de cair o tecto de aromas-tuas sobre mim.

E sou, todos os dias, celebrado e assentado
entre os deuses que passaram pelo Eliseu de tudo
ao me lembrar de nós, ali, nas almofadas imperiais.
Publicado em:
Liberal

Imagem: Prohibited book II, Luis Royo

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