A beleza, se sonhada, esmaga tudo
– diz-me em zéfiro sussuro o meu poeta,
esse ser que te ama mais do que a dignidade,
o ar que respira e o seu lugar no Céu.
«Ontem sonhei-te nas calçadas nuas de Abissínia
– eu, aos teus pés, devoto descalço
raspando o beato que há em mim para ter jurar
que há um Om de corpo curvo nas cousas tuas.
Oh! Só nasceu Fogo na tua sombra,
nas tuas entranhas retintas, meladas de sonho…»
– dito assim, de alma plana de poema a chegar
às curvas do teu ventre perseguidor.
Certo – ó bordão de vida! – é que não se ama só.
E diz de ti, ataviada de bela, o sargento:
– «Estamos aqui, mas a nossa âncora está em ti».
É verdade – a pura, cifra
única e absoluta: paradoxo de ser verde por dentro.
Sim, assim te cifras do Mundo, e te fazes eterna
o verbo-paralelo dobrando Deus…
– diz-me em zéfiro sussuro o meu poeta,
esse ser que te ama mais do que a dignidade,
o ar que respira e o seu lugar no Céu.
«Ontem sonhei-te nas calçadas nuas de Abissínia
– eu, aos teus pés, devoto descalço
raspando o beato que há em mim para ter jurar
que há um Om de corpo curvo nas cousas tuas.
Oh! Só nasceu Fogo na tua sombra,
nas tuas entranhas retintas, meladas de sonho…»
– dito assim, de alma plana de poema a chegar
às curvas do teu ventre perseguidor.
Certo – ó bordão de vida! – é que não se ama só.
E diz de ti, ataviada de bela, o sargento:
– «Estamos aqui, mas a nossa âncora está em ti».
É verdade – a pura, cifra
única e absoluta: paradoxo de ser verde por dentro.
Sim, assim te cifras do Mundo, e te fazes eterna
o verbo-paralelo dobrando Deus…
II
Escuto o plenilúnio do meu poeta:
«Fiz-te um circulo perfeito de luz,
agarrei o coração da tua mão e não vejo o anelar
para fundir a minha obra-prima de Deus.»
III
Sou a tempestade de areia
que flutua sobre o teu oceano oriental.
Páro os meus dias
e afundo-me nas memórias de ti,
no veludo da rosa paciente que alimento
na maternidade de alma que geraste ômega da hora crioula.
Deveria ser guardador de rebanhos maduros
– sei, sim, sei que a natureza é cruel e insaciável
mas sou essa sombra que paira sobre o teu silêncio,
fantasma obscuro dos teus sonhos.
4 comentários:
VB, eu prefiro sonhar a Beleza, pois sei, até hoje, que mesmo sonhada não estraga os meus sonhos de vida.
Ontem, amanheci feliz, mas adormeci triste e revoltada.
Não pelo que fiz, mas pelo que me fizeram...
Bastou um telefonema para bulir o meu castelo de sonhos, beleza e carinho.
Estes não controlo, porque não dependem de mim.
Como fazer para que os outros não estraguem o meu cutelo de Beleza?
De todo o modo tudo que é lindo, nasce de uma dor!
O nascer, o amar, o viver...
No fim o que conta é o bem fazer, ou não, VB?
P.S. Não foi só Campolide que buliu comigo, e que troquei o meu pelo ..meu. Ás vezes quando chamamos alguém para falar é porque pedimos uma bóia de salvação. O vinho ficou na garrafa, intacto, felizmente!
;)
Dia bom.
Simplesmente DIVINO!
Essa tua melancolia está produtiva, VB! Parabens!
Amei.
;)
Na verdade a natureza é cruel e insaciável.
As leis que a regem, imutáveis como são, condicionam-nos de tal modo que por vezes até me revolto.
Acho que a Natureza exerce uma dupla força sobre tudo e todos.
Criadora por um lado e destrutiva por outro.
Enfim! Que fazer?
bjos,
Anita
Jessica,
controla os teus sonhos e as tuas emoções, senão eles acabarão por te controlar.
Nada nem nem ninguém merece ou deveria poder estragar o teu dia. Não dependa dos outros, depende de ti mesma e verás que os teus castelos deixarão de ser de cartas e se tornarão em fortalezas construidas sobre o rochedo firme.
No no de tudo ou de contas, o que importa(rá), é se não te magoas, se não magoas ninguém. O bem que causa mal não é bem.
Há alturas, Jessica, que a garrafa deve ficar fechada. É uma batalha que se vence. As flores, Jéssica, são belas. Os montes, os vales, as maças, as videiras dourenses... são belas - e não tiverem de sofrer por isso. O mesmo digo do Sol, das estrelas, da Lua, do fumo do cigarro que fumo agora e fende a noite...
Há um tipo de sofrimento que é evitável. E um outro que se procura, como ouro africano ou diamantes; mas não se deveria.
:-)
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