domingo, 5 de outubro de 2008

  • APOLOGIA DA BELEZA DAS GORDAS
A minha doce e querida amiga Anita Faria enviou-me – e à outras pessoas que tem como amigas – um e-mail a manifestar o seu desagrado sobre o e-mail «a mulher mais linda e fofa do Mundo».
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Percebo a sua indignação, pois a ideia que se tem da mulher – excessivamente ocidental, no que à beleza diz respeito (pecado original da educação global) – tornou a mulher um objecto de desejo, uma Barbie descartável e sem alma.


No entanto – Ortega y Gasset que me perdoe!, neste aspecto e contextualizado –, bastará ver o valor dado, tradicionalmente, às mulheres «d´cadera» portentosa da Guiné Bissau, paras as obras (que admiro sobremaneira) de Rubens, Picasso ou Botero para ver-mos a beleza estética de uma mulher bem nutrida.

A jocosidade e típica do cabo-verdiano e, não raras vezes, consegue ser cruel nessa sua forma de ser; mas, como sabemos, uma mulher vale muito mais do que uma grande superfície frontal, uma alta pressão definida ou curvas cinzeladas.

Um «forward» pode ser cruel, sim; mas é ainda mais cruel gozar com um invisual ou uma mulher que – seja por herança genética, um distúrbio hormonal, neurológico, outra razão de ordem médica ou até descuido alimentar – esteja gorda.

Mas não é que – e isso é insofismável – os homens gostam das mulheres gordas (prefiro a palavra bem nutrida, generosa ou portentosa)? Por razões sociais (ah, almas fracas!...) – de imposição de modelos estéticos e de procura de reconhecimento social inerente à uma dada ideia de que «sucesso» é blond chicks and models... – não o admitam. Se conhecêssemos um pouco da história da estética (feminina) do Mundo, certamente que perceberíamos melhor as malhas e os equívocos estéticos do nosso tempo e destruição do Amor (em todas as suas formas) que operou.

Cada um pode ou não com a sua alma, com o que tem e o que não tem nela. E saberão os homens que as mulheres portentosas – além da natural generosidade feminina –, quando amadas, são grandes em tudo? Os homens, demasiados egoístas e sensitivos, desconhecem, para sua infelicidade contínua, essa realidade. E difícil todos serem, mesmo desejando sê-lo, grandes; pois Deus não é generoso com todos.

Há quem tenha olhos e não veja. Ray Charles, que não tem olhos e vê, canta com alma I got a woman ou For Mamma; e «encontrou graça aos olhos do Senhor», dizia o jovem e sábio Salomão. Ámen!
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  • Imagem: La belle Hollandaise, Pablo Picasso, 1905

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