- PALAVRAS DE ATENTAR
«O objetivo da existência é a iluminação. Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora», Siddhartha
- Imagem: Walker VII, Igor and Marina
Cicero discursando contra Catilina no Senado.
«O objetivo da existência é a iluminação. Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora», Siddhartha
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Etiquetas: agenda, apologia, cultura, humana conditio
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 8:30:00 da manhã 4 comentários
1.
The distant shores of silence begin
at the door. You cannot fly there
like a bird. You must stop, look deeper,
still deeper, until nothing deflects the soul
from the deepmost deep.
No greenery can now satisfy your sight:
the captive eyes will not come home.
And you thought life would hide you from
the other Life that overhangs the depths.
You must know—there is no return
from this flow, this embrace within the mysterious
beauty of Eternity.
Only endure, endure, do not interrupt
the flight of shadows—only endure
dear and simple—more and more.
Meanwhile you always step aside for Someone
from beyond,
who closes the door of your small room.
His coming softens with each step
and with this silence strikes
the target of the depths.
Karol Wojtyla (João Paulo II)
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Etiquetas: cultura
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 8:20:00 da tarde 4 comentários
Etiquetas: narcisismos, pensamento
A Assembleia Nacional aprovou os nomes propostos pelo PAICV e pelo MPD para o Supremo Tribunal de Justiça. Uma machadada na lei – um mau exemplo para os cidadãos, pois o Conselheiro Raúl Querido Varela não se encontra(va) em condições de ser eleito. Legalmente deveria estar jubilado; e a lei é para todos. Pelos vistos a lei não é para ser cumprida, pelo menos pelos deputados na Assembleia Nacional, pelos menos quando se tem que ser-se pragmático. A bancada do PAICV teve medo do confronto, de ficar com o anátema de não viabilizar o Supremo Tribunal de Justiça.
Não entendo, não consigo entender os deputados nacionais que votaram a favor da nomeação do Juiz Conselheiro Varela – e, note.se bem, não está em causa a pessoa em si nem a sua competência técnica mas tão somente a legalidade da sua nomeação. Só consigo entendê-los se partir do ponto de vista que são não deputados da nação mas sim extensões do Governo e dos partidos. Recuso-me a aceitar isso. Seja qual for a resposta, a constatação é triste, muito triste. E – nestas circunstancias – como podem os deputados, que demonstram com esta acção que não respeitam as da nação, ser legisladores e esperarem que os cidadãos respeitam as leis que fazem? «Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço…» é demasiado arcano e feio para uma terra tão bela como Cabo Verde e para um Estado, muito menos um Estado de Direito.
O Procurador Geral da República e o Presidente da República, têm e devem ter uma palavra activa nesta matéria. A defesa da legalidade é a sua função e deve defende-la, doa a quem dor. Mas o sistema está tão anquilosado que – em tese e em dada situação, quem decidirá se o Dr. Raúl Querido Varela fica ou não no Supremo será o Dr. Bemfeito Mosso-Ramos. Isso se a questão da legalidade da Resolução for levantada antes da tomada de posse dos novos juízes do STJ. Noutra hipótese, de fiscalização sucessiva abstracta pedida pela Procuradoria Geral da República depois da tomada de posse, serão os seus pares eleitos a decidirem. O país não precisava nem precisa disso. Mas o Rule of Law não pode ultrapassado por ninguém. Eu, se fosse o Engº. Jorge Santos começava já a fazer contactos nas ilhas a ver quem se predispõe a ser Juiz Conselheiro, pois pode e deve(rá) ter más notícias da Presidência da República ou da Procuradoria Geral da República nos termos do Artº.275º. da Constituição.
Agora só falta acontecer uma coisa para o risível se tornar tragédia (em oposição à comédia): que o concurso do Conselho Superior da Magistratura Judicial venha a constar entre os vencedores os Juízes Conselheiros João Gonçalves, Fátima Coronel e Manuel Alfredo (actualmente juízes no Supremo Tribunal de Justiça). Mas uma coisa me deixa extremamente surpreendido (e intrigado noutro aspecto que não vem ao caso, pelo menos por agora): será que o MPD não encontrou nenhum cidadão nacional com as qualidades técnicas e a independência necessárias para ocupar o lugar que indicou o Juiz Conselheiro Raúl Querido Varela?
Mas, afinal, não é o MPD – como muitos arvoraram durante muito tempo – um partido de juristas, que, inclusive, colocou na Constituição um conjunto de normas (desnecessárias, diga-se an passant) sobre os Advogados? Essa gente de apurada craveira técnica desapareceu da face da terra da morabeza, iis t´enfiôd n´cu dum boi (como dizia a Alice Manobra) ou, de facto, o Supremo Tribunal de Justiça é uma coutada política e que é a confiança pessoal de um dado partido num determinado Juiz que determina quem deve exercer a função de Juiz Conselheiro? Note-se que, ao contrário do que parece ser um quase consenso nacional (por equívoco sobre o que é e deve ser a independência dos juízes?), não sou contra a nomeação de juízes para os tribunais superiores – se calhar o problema está no modelo do STJ… mas isso fica para as minhas notas sobre a Revisão constitucional a publicar no Liberal on line.
Ou será que o MPD, com esta sua acção quis ou quer demonstrar que as questões relacionadas com os tribunais superiores se resolvem somente por via da revisão constitucional? Se for isso – que até que não é nada mal pensado, mas maquiavélico – estaremos na mesma por nada, pois as propostas de revisão não trazem nada de substancialmente novo nesta matéria e o mandato dos juízes ora nomeados /ou eleitos não poderão ser afectados.
Mas e noutras coisas o país continua a ser pensado de forma casuística, sem sentido estrutural – é o que se passa como essas discussões de lana caprina substancial e que não atentam na causa das coisas. A preocupação é com os sintomas da doença e não com a doença. Assim, não vamos lá… não.
A verdade é que o MPD e o PAICV (onde anda a UCID?) têm, em sede de revisão da Constituição, uma oportunidade de ouro para propor ao país um novo paradigma de estrutura judicial que seja um sistema funcional e capaz de administrar a Justiça de uma forma independente, célere e com legitimidade democrática. Mais não digo, por ora.
Nota: Avisado por um amigo de que a forma do acto da AN foi de Resolução e não de lei formal (não verifiquei a Constituição para confirmar a natureza do acto), fiz uma pequena alteração neste escrito. O que, em verdade, não afecta o sentido e a substância deste escrito e não ser num plano: em vez de demandar uma intervenção do Presidente da República em sede de fiscalização preventiva o faz no plano da fiscalização sucessiva. Mas a situação cria, por si mesma, um outro problema para o sistema judicial – mas isso fica para outro escrito.
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 4:16:00 da tarde 7 comentários
Etiquetas: direitos humanos, justiça, politica, sociedade
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Etiquetas: direitos humanos, justiça, o mal
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Etiquetas: direitos humanos, justiça, politica, sociedade
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Publicada por Virgilio Brandao à(s) 7:17:00 da tarde 4 comentários
Etiquetas: coisas insólitas, cultura, direitos humanos, humana conditio
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Etiquetas: direitos humanos, justiça, perplexidade, politica, sociedade
«A tua atitude deve ser como a de um herói sem medo; mas o teu coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor», Regras de Soyen Shaku
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Etiquetas: apologia, beleza, ciência, humana conditio, pensamento
Porque será que os defensores militantes sa instituição do ALUPEC dizem sempre «Ka ten tadju»? – pensei. Mas alguém perguntou, se tem ou não tem? O que sei é que o ALUPEC – independentemente dos seus méritos e/ou deméritos – cria não um tacho mas um caldeirão e um cadeirão para alguns. Mais: o problema, neste momento, não é, para mim, a manifesta tentativa de imposição do ALUPEC – o problema é a sua fundamentação técnica, legal e constitucional.
O Mui Ilustre Casimiro de Pina, defendia no outro dia – em Carta Aberta a Jorge Santos, líder do MPD, e publicada no Liberal on line – a inconstitucionalidade do ALUPEC. Concordo com ele, mas as minhas razões são, de todo, diferentes das dele. Aliás, basta ler-se o Decreto-Lei n.º 67/98 de 31 de Dezembro e a Resolução do Governo nº.48/2005, de 14 Novembro e as respectivas fundamentações constitucionais e exposição de motivos e cotejar as mesmas com a Constituição para se verificar que essas normas são flagrantemente inconstitucionais. A falta de uma cultura da Constituição leva a estas coisas, tão ostensivamente violadoras da norma fundamental da Nação. Basta(va) perguntar à língua materna qual é a sua natureza para se ter uma resposta:
– Sou um direito, uma liberdade e uma garantia de identidade de todos os cabo-verdianos.
Ora, com esta resposta – necessária – a questão é clara: o Governo não tinha nem tem competências para legislar nesta matéria. Por isso é que vem agora, com uma projecto de Lei, apresentar o ALUPEC à Assembleia Nacional. É… o ALUPEC sofre deste pecado original: inconstitucionalidade orgánica, formal e material. E, como se não bastasse a violação da Constituição, essas normas inconstitucionais ab ibnitio não foram, de todo, respeitadas. Basta ver-se os pressupostos do Decreto-Lei n.º 67/98 de 31 de Dezembro e fundamentação da Resolução do Governo nº.48/2005, de 14 Novembro. O que o Governo quer fazer, agora, é meter um dedo no olho do povo.
Assim, não. E, note-se, não sou contra o ALUPEC ou qualquer outra forma de escrita do cabo-verdiano (cuja institucionalização deve ser um desígnio nacional – a meu ver): sou é contra essa forma errática de fazer as coisas.
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Etiquetas: cultura, direitos humanos, o mal, politica, sociedade
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Etiquetas: cultura, direitos humanos, história, politica, sociedade
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Etiquetas: memórias, narcisismos
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 12:04:00 da manhã 0 comentários
AFTER PASSING THE EXAMINATION, Po Chui-I
For ten years I never left my books;
I went up ... and won unmerited praise.
My high place I do not much prize;
The joy of my parents will first make me proud.
Fellow students, six or seven men,
See me off as I leave the City gate.
My covered couch is ready to drive away;
Flutes and strings blend their parting tune.
Hopes achieved dull the pains of parting;
Fumes of wine shorten the long road....
Shod with wings is the horse of him who rides
On a Spring day the road that leads to home.
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Publicada por Virgilio Brandao à(s) 4:07:00 da manhã 5 comentários
Etiquetas: aplauso, direitos humanos, economia, politica, sociedade
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 3:43:00 da manhã 5 comentários
Etiquetas: direitos humanos, história, humana conditio, religião
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Etiquetas: direitos humanos, história, humor, justiça, sociedade
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 8:32:00 da tarde 2 comentários
Etiquetas: direitos humanos, história, memórias da iniquidade, o mal
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Publicada por Virgilio Brandao à(s) 12:39:00 da manhã 5 comentários
Etiquetas: direitos humanos, justiça, politica, sociedade
Estou a trabalhar, apetece-me um Manhattan sweet straight up – com Makers Mark ou Jack Daniels e um toque de angostura Bitter. Ah, uma multidão de beijos, também... Mas não dá –estou a trabalhar. Para não ser acusado de só aconselhar livros e de gostar demasiado da natureza, aconselho um outro prazer. Pode ser este: a classic martini.
Assim, quando for beber um ou dois martinis, seja ele um dry martini (se gostar de gin, peça com Bombay) ou uma vodka martini, deixe-me dar-lhe dois conselhos:
1. Peça sempre straight up – mexido mas not shaked, É que se for batido no shaker o gelo dilata e a sua bebida fica com sabor a água, perdendo parte substancial do sabor. O old James Bond sabia porque o pedia assim… pois claro! Se gosta da bebida fresca, certifica-se de que o glass é previamente refrescado e que a bebida não fique muito tempo em contacto com o gelo.
2. Peça ao barman, de preferência, uma cebolinha para o martini – se o estabelecimento tiver, é porque está, em princípio, num sítio de qualidade. Caso não haja cebolinha, virá, necessariamente, com uma azeitona. Mas atenção: uma azeitona de martini – não uma recheada. Se for desta, manda a bebida para trás! A azeitona recheada (como a que está na imagem) é para uso culinário e boa para churrascos, mas se beber o martini com ela fica(rá) com o sabor a pimento ou algo análogo na boca. Não é essa a ideia que terá de um dry ou um vodka martini, pois não?
– Ah, mas isso é nove horas a mais para uma bebida… – dir-me-á. Talvez… mas eu gosto de conhecer os meus prazeres e apreciá-los. E quem os serve deve saber como servi-los, não é?
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 12:10:00 da manhã 4 comentários
Etiquetas: cultura, narcisismos, prazer
Dizia, não sem razão, o Príncipe Iván a Kalinovitch:
«Na literatura, como na vida, é preciso recordar uma lei: há sempre mil ocasiões para lamentar ter falado demais, mas nunca por ter falado de menos.» in Mil Almas, Písemsky, tomo I, Lisboa, 1974, p. 189
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 11:43:00 da tarde 0 comentários
Etiquetas: cultura, humana conditio, pensamento
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 1:49:00 da tarde 3 comentários
Etiquetas: cultura, direitos humanos, politica, sociedade
Não percebo, sinceramente, a surpresa com que a sociedade portuguesa – acicatada pelos media – viu na semana que passou as declarações de D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa. O homem sabe o que diz – ao contrário de quem o criticou que não quer saber da essência do que critica.
Como é que um povo se pode dizer cristão sem saber o que a sua religião ensina? Como é que uma sociedade pode criticar um facto social se não sabe o que se passa no interior da sua sociedade, não está atento às problemáticas que o casamento inter-religioso, no actual contexto social planetário implica? O que o Cardeal Patriarca de Lisboa disse é o que a Igreja defende há dois mil anos – S. Paulo diz claramente que os cristãos não devem casar com «um jugo desigual», o que é dizer com ão cristãos. É a doutrina da Igreja cristã desde sempre, daí se exigir na igreja católica o baptismo e nas protestantes evangélicas a conversão. Nesta casar-se com pessoas «do Mundo» é pecado extraordinário.
O islamismo e o judaísmo também pensam e ensinam a mesma coisa – no judaísmo é-se, ainda, mais severo: judeu casa com judeu sob pena se exclusão da comunidade religiosa e social. É o que se ensina, entre portas. Dizer isso publicamente, não – é pecado. Pecado de sinceridade.
Mas D. José Policarpo quis ir mais longe (e já nem penso nos problemas legais e judiciais que esta questão tem levantado no país – nomeadamente com os «casamentos brancos» ou de «conveniência»), quis chamar a atenção para o facto de que existem planos do chamado diálogo inter-religioso em que o diálogo é impossível pois para haver diálogo há que haver transacção e o islão, o judaísmo e o cristianismo não são, de todo, permeáveis a esta ideia.
A intransigência dos princípios basilares destas religiões não permitem, nem nunca permitirão, quaisquer tipos de diálogos profícuos. O diálogo inter-religioso é uma falácia se o que se quer é que todas as religiões falem a mesma linguagem social ou religiosa para a construção de uma sociedade global melhor e mais solidária. Tal não é possível, pois estas religiões têm visões e/ou projectos de Mundo substancialmente diferentes.
Mesmo no pano da convergência de pontos de vista para a criação de uma Civilização do Amor – ideia emergente do Consílio Vaticano II –, que é/seria de almejar por todos, a divergência é patente. Não vale a pena fingir-se que existe diálogo onde não existe e não é possível, nem se deve ter medo, como bem diz D. José Policarpo, do confronto – sim, do confronto de ideias e de perspectiva sobre o futuro da humanidade.
Bastará lembrar as perseguições aos cristãos em Jerusalém e em todo o Israel na emergência do cristianismo, «a guerra santa» e as suas causas, a perseguição aos judeus na Europa, a inquisição, as causas profundas do conflito israelo-palestiniano, etc. As afirmações contundentes de que «só Alá é Deus e Maomé o seu profeta» e «que eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao pai senão por mim» são, por si mesmas, condicionadoras de todo e qualquer diálogo que se possa chamar como tal.
A história é eloquente e, todos os dias, mata qualquer forma de diálogo entre agentes que se excluem uns aos outros no plano dos princípios e da teleologia da acção. Terão, sim, um inimigo comum: a negação de Deus. Mas, paradoxalmente, é um homem que não é religioso, Mário Soares, que preside a entidade responsável em Portugal para a promoção do diálogo inter-religioso. O que, por si só, é prova bastante de que um inimigo comum não basta para haver diálogo. A humanidade avançará mais com o confronto de ideias e de ponto de vistas – sobre Deus e sobre tudo – do que com a aparência de dialogo que, em si mesmo, não esclarece nada e deixa tudo, necessariamente, na mesma.
Quer se queria quer não, o Mundo há muito que se encontra perante um conflito civilizacional – à laia de paninhos quentes e de uma falácia de diálogo –, tem-se feito de tudo para não a encarar de frente e sem rodeios. O medo, de todo, nunca foi um bom conselheiro.
Ouça as declarações do D. José Policarpo:
http://tsf.sapo.pt/paginainicial/vida/interior.aspx?content_id=1071469
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Etiquetas: cultura, direitos humanos, história, religião, sociedade
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Publicada por Virgilio Brandao à(s) 4:10:00 da manhã 3 comentários
LEWIS HANKE, All Mankind Is One: A Study of the Disputation Between Bartolome De Las Casas & Juan Gines De Sepulveda in 1550 on the Intellectual & Religious.
Um livro extraordinário sobre a discussão que estes dois pensadores se debruçaram na corte de Carlos V em Valhadolid: os índios do Novo Mundo e os africanos da África colonizada, por tabela, tinham ou não alma? Eram escravos por natureza? Uma discussão fascinante de dois pensadores representativos do Século de Oiro espanhol.
HANS GADAMER, La actualidad de lo bello.
Um livro sobre o sentido da arte. Fundamental para quem pensa e cria arte intencionalmente e não de modo reflexo ou acidental; para quem pensa e cria a arte como cultura eminente e/ou sentido epistémico. A ser lido e cotejado com «A Desumanização da Arte» de Ortega y Gasset.
Esta sujestão faz-me lembrar o que disse um dia Paulino Vieira: «há artistas verdadeiros e verdadeiros artistas».
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 3:26:00 da manhã 5 comentários
Etiquetas: cultura, direitos humanos, livros
DISCURSO DE TOMADA DE POSSE DE BARACK OBAMA
Washington, 20.01.2009
Meus caros cidadãos:
Aqui estou hoje, humilde perante a tarefa à nossa frente, grato pela confiança que depositaram em mim, consciente dos sacrifícios que os nossos antepassados enfrentaram. Agradeço ao Presidente Bush pelo seu serviço à nossa nação, assim como a generosidade e a cooperação que demonstrou durante esta transição.
Quarenta e quatro americanos fizeram até agora o juramento presidencial. Os discursos foram feitos durante vagas de crescente prosperidade e águas calmas de paz. No entanto, muitas vezes a tomada de posse ocorre no meio de nuvens espessas e furiosas tempestades. Nesses momentos, a América perseverou não só devido ao talento ou à visão dos que ocupavam altos cargos mas porque Nós o Povo permanecemos fiéis aos ideais dos nossos antepassados e aos nossos documentos fundadores.
Assim tem sido. E assim deve ser com esta geração de americanos.
Que estamos no meio de uma crise, já todos sabem. A nossa nação está em guerra, contra uma vasta rede de violência e ódio. A nossa economia está muito enfraquecida, consequência da ganância e irresponsabilidade de alguns, mas também nossa culpa colectiva por não tomarmos decisões difíceis e prepararmos a nação para uma nova era. Perderam-se casas; empregos foram extintos, negócios encerraram. O nosso sistema de saúde é muito oneroso; para muita gente as nossas escolas falharam; e cada dia traz-nos mais provas de que o modo como usamos a energia reforça os nossos adversários e ameaça o nosso planeta.
Estes são indicadores de crise, resultado de dados e de estatística. Menos mensurável mas não menos profunda é a perda de confiança na nossa terra - um medo incómodo de que o declínio da América é inevitável, e que a próxima geração deve baixar as expectativas.
Hoje eu digo-vos que os desafios que enfrentamos são reais. São sérios e são muitos. Não serão resolvidos facilmente nem num curto espaço de tempo. Mas fica a saber, América - eles serão resolvidos.Neste dia, unimo-nos porque escolhemos a esperança e não o medo, a unidade de objectivo e não o conflito e a discórdia
Neste dia, viemos para proclamar o fim dos ressentimentos mesquinhos e falsas promessas, as recriminações e dogmas gastos, que há tanto tempo estrangulam a nossa política.
Continuamos a ser uma nação jovem, mas nas palavras da Escritura, chegou a hora de pôr as infantilidades de lado. Chegou a hora de reafirmar o nosso espírito de resistência, de escolher o melhor da nossa história; de carregar em frente essa oferta preciosa, essa nobre ideia, passada de geração em geração; a promessa de Deus de que todos somos iguais, todos somos livres, e todos merecemos uma oportunidade de tentar obter a felicidade completa.
Ao reafirmar a grandeza da nossa nação, compreendemos que a grandeza nunca é um dado adquirido. Deve ser conquistada. A nossa viagem nunca foi feita de atalhos ou de aceitar o mínimo. Não tem sido o caminho dos que hesitam – dos que preferem o divertimento ao trabalho, ou que procuram apenas os prazeres da riqueza e da fama. Pelo contrário, tem sido o dos que correm riscos, os que agem, os que fazem as coisas – alguns reconhecidos mas, mais frequentemente, mulheres e homens desconhecidos no seu labor, que nos conduziram por um longo e acidentado caminho rumo à prosperidade e à liberdade.
Por nós, pegaram nos seus parcos bens e atravessaram oceanos em busca de uma nova vida.Por nós, eles labutaram em condições de exploração e instalaram-se no Oeste; suportaram o golpe do chicote e lavraram a terra dura. Por nós, eles combateram e morreram, em lugares como Concord e Gettysburg; Normandia e Khe Sahn.
Tantas vezes estes homens e mulheres lutaram e se sacrificaram e trabalharam até as suas mãos ficarem ásperas para que pudéssemos viver uma vida melhor. Eles viram a América como maior do que a soma das nossas ambições individuais; maior do que todas as diferenças de nascimento ou riqueza ou facção.
Esta é a viagem que hoje continuamos. Permanecemos a nação mais poderosa e próspera na Terra. Os nossos trabalhadores não são menos produtivos do que eram quando a crise começou. As nossas mentes não são menos inventivas, os nossos produtos e serviços não são menos necessários do que eram na semana passada ou no mês passado ou no ano passado. A nossa capacidade não foi diminuída. Mas o nosso tempo de intransigência, de proteger interesses tacanhos e de adiar decisões desagradáveis – esse tempo seguramente que passou.
partir de hoje, devemos levantar-nos, sacudir a poeira e começar a tarefa de refazer a América.Para onde quer que olhamos, há trabalho para fazer. O estado da economia pede acção, corajosa e rápida, e nós vamos agir – não só para criar novos empregos mas para lançar novas bases de crescimento. Vamos construir estradas e pontes, redes eléctricas e linhas digitais que alimentam o nosso comércio e nos ligam uns aos outros.
Vamos recolocar a ciência no seu devido lugar e dominar as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade do serviço de saúde e diminuir o seu custo. Vamos domar o sol e os ventos e a terra para abastecer os nossos carros e pôr a funcionar as nossas fábricas. E vamos transformar as nossas escolas e universidades para satisfazer as exigências de uma nova era.
Podemos fazer tudo isto. E tudo isto iremos fazer. Há alguns que, agora, questionam a escala das nossas ambições – que sugerem que o nosso sistema não pode tolerar muitos planos grandiosos.
As suas memórias são curtas. Esqueceram-se do que este país já fez; o que homens e mulheres livres podem fazer quando à imaginação se junta um objectivo comum, e à necessidade a coragem.O que os cínicos não compreendem é que o chão se mexeu debaixo dos seus pés – que os imutáveis argumentos políticos que há tanto tempo nos consomem já não se aplicam. A pergunta que hoje fazemos não é se o nosso governo é demasiado grande ou demasiado pequeno, mas se funciona – se ajuda famílias a encontrar empregos com salários decentes, cuidados de saúde que possam pagar, pensões de reformas que sejam dignas. Onde a resposta for sim, tencionamos seguir em frente. Onde a resposta for não, programas chegarão ao fim.
E aqueles de nós que gerem os dólares do povo serão responsabilizados – para gastarem com sensatez, reformarem maus hábitos e conduzirem os nossos negócios à luz do dia – porque só então poderemos restaurar a confiança vital entre o povo e o seu governo.
Não se coloca sequer perante nós a questão se o mercado é uma força para o bem ou para o mal. O seu poder de gerar riqueza e de expandir a democracia não tem paralelo, mas esta crise lembrou-nos que sem um olhar vigilante o mercado pode ficar fora de controlo – e que uma nação não pode prosperar quando só favorece os prósperos. O sucesso da nossa economia sempre dependeu não só da dimensão do nosso Produto Interno Bruto, mas do alcance da nossa prosperidade; da nossa capacidade em oferecer oportunidades a todos – não por caridade, mas porque é o caminho mais seguro para o nosso bem comum.
Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre a nossa segurança e os nossos ideais. Os nossos Pais Fundadores, face a perigos que mal conseguimos imaginar, redigiram uma carta para assegurar o estado de direito e os direitos humanos, uma carta que se expandiu com o sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos abdicar deles por oportunismo.
E por isso, aos outros povos e governos que nos estão a ver hoje, das grandes capitais à pequena aldeia onde o meu pai nasceu: saibam que a América é amiga de todas as nações e de todos os homens, mulheres e crianças que procuram um futuro de paz e dignidade, e que estamos prontos para liderar mais uma vez.
Recordem que as primeiras gerações enfrentaram o fascismo e o comunismo não só com mísseis e tanques mas com alianças sólidas e convicções fortes. Compreenderam que só o nosso poder não nos protege nem nos permite agir como mais nos agradar. Pelo contrário, sabiam que o nosso poder aumenta com o seu uso prudente; a nossa segurança emana da justeza da nossa causa, da força do nosso exemplo, das qualidades moderadas de humildade e contenção.
Nós somos os guardiões deste legado. Guiados por estes princípios uma vez mais, podemos enfrentar essas novas ameaças que exigem ainda maior esforço – ainda maior cooperação e compreensão entre nações. Vamos começar responsavelmente a deixar o Iraque para o seu povo, e a forjar uma paz arduamente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e antigos inimigos, vamos trabalhar incansavelmente para diminuir a ameaça nuclear, e afastar o espectro do aquecimento do planeta.
Não vamos pedir desculpa pelo nosso modo de vida, nem vamos hesitar na sua defesa, e àqueles que querem realizar os seus objectivos pelo terror e assassínio de inocentes, dizemos agora que o nosso espírito é mais forte e não pode ser quebrado; não podem sobreviver-nos, e nós vamos derrotar-vos.Porque nós sabemos que a nossa herança de diversidade é uma força, não uma fraqueza. Nós somos uma nação de cristãos e muçulmanos, judeus e hindus – e não crentes.
Somos moldados por todas as línguas e culturas, vindas de todos os cantos desta Terra; e porque provámos o líquido amargo da guerra civil e da segregação, e emergimos desse capítulo sombrio mais fortes e mais unidos, não podemos deixar de acreditar que velhos ódios um dia passarão; que as linhas da tribo em breve se dissolverão; que à medida que o mundo se torna mais pequeno, a nossa humanidade comum deve revelar-se; e que a América deve desempenhar o seu papel em promover uma nova era de paz.
Ao mundo muçulmano, procuramos um novo caminho em frente, baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo. Aos líderes por todo o mundo que procuram semear o conflito, ou culpar o Ocidente pelos males da sua sociedade – saibam que o vosso povo vos julgará pelo que construírem, não pelo que destruírem. Aos que se agarram ao poder pela corrupção e engano e silenciamento dos dissidentes, saibam que estão no lado errado da história; mas que nós estenderemos a mão se estiverem dispostos a abrir o vosso punho fechado.
Aos povos das nações mais pobres, prometemos cooperar convosco para que os vossos campos floresçam e as vossas águas corram limpas; para dar alimento aos corpos famintos e aos espíritos sedentos de saber. E às nações, como a nossa, que gozam de relativa riqueza, dizemos que não podemos mais mostrar indiferença perante o sofrimento fora das nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem prestar atenção aos seus efeitos. Porque o mundo mudou, e devemos mudar com ele.
Ao olharmos para o caminho à nossa frente, lembremos com humilde gratidão os bravos americanos que, neste preciso momento, patrulham desertos longínquos e montanhas distantes. Eles têm alguma coisa para nos dizer hoje, tal como os heróis caídos em Arlington fazem ouvir a sua voz. Honramo-los não apenas porque são guardiões da nossa liberdade, mas porque incorporam o espírito de serviço; uma vontade de dar significado a algo maior do que eles próprios. E neste momento – um momento que definirá uma geração – é este espírito que deve habitar em todos nós. Porque, por mais que o governo possa e deva fazer, a nação assenta na fé e na determinação do povo americano.
É a generosidade de acomodar o desconhecido quando os diques rebentam, o altruísmo dos trabalhadores que preferem reduzir os seus horários a ver um amigo perder o emprego que nos revelam quem somos nas nossas horas mais sombrias. É a coragem do bombeiro ao entrar por uma escada cheia de fumo, mas também a disponibilidade dos pais para criar um filho, que acabará por selar o nosso destino.
Os nossos desafios podem ser novos. Os instrumentos com que os enfrentamos podem ser novos. Mas os valores de que depende o nosso sucesso – trabalho árduo e honestidade, coragem e fair play, tolerância e curiosidade, lealdade e patriotismo – estas coisas são antigas. Estas coisas são verdadeiras. Têm sido a força silenciosa do progresso ao longo da nossa história. O que é pedido, então, é o regresso a essas verdades.
O que nos é exigido agora é uma nova era de responsabilidade – um reconhecimento, da parte de cada americano, de que temos obrigações para connosco, com a nossa nação, e com o mundo, deveres que aceitamos com satisfação e não com má vontade, firmes no conhecimento de que nada satisfaz mais o espírito, nem define o nosso carácter, do que entregarmo-nos todos a uma tarefa difícil.
Este é o preço e a promessa da cidadania.
Esta é a fonte da nossa confiança – o conhecimento de que Deus nos chama para moldar um destino incerto.
Este é o significado da nossa liberdade e do nosso credo – é por isso que homens e mulheres e crianças de todas as raças e todas as religiões se podem juntar em celebração neste magnífico mall, e que um homem cujo pai há menos de 60 anos não podia ser atendido num restaurante local pode agora estar perante vós a fazer o mais sagrado juramento.
Por isso, marquemos este dia com a lembrança do quem somos e quão longe fomos. No ano do nascimento da América, no mais frio dos meses, um pequeno grupo de patriotas juntou-se à beira de ténues fogueiras nas margens de um rio gelado. A capital tinha sido abandonada. O inimigo avançava. A neve estava manchada de sangue. No momento em que o resultado da nossa revolução era incerto, o pai da nossa nação ordenou que estas palavras fossem lidas ao povo:“Que o mundo que há-de vir saiba que... num Inverno rigoroso, quando nada excepto a esperança e a virtude podiam sobreviver... a cidade e o país, alarmados com um perigo comum, vieram para [o] enfrentar.”
América. Face aos nossos perigos comuns, neste Inverno das nossas dificuldades, lembremo-nos dessas palavras intemporais. Com esperança e virtude, enfrentemos uma vez mais as correntes geladas e suportemos as tempestades que vierem. Que seja dito aos filhos dos nossos filhos que quando fomos testados recusámos que esta viagem terminasse, que não recuámos nem vacilámos; e com os olhos fixos no horizonte e a graça de Deus sobre nós, levámos adiante a grande dádiva da liberdade e entregámo-la em segurança às futuras gerações.
in publico
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 2:57:00 da manhã 2 comentários
Na antiguidade clássica houve um período – pré ciência – em as pessoas com deficiências mentais eram consideradas «tocadas pelos deuses» e eram objecto de protecção social. Hoje, num quadro de “maioridade civilizacional”, essas pessoas são objecto de abusos afrontosos, vítimas de actos próprios de trogloditas, de exploração escandalosa da sua condição.
E, por vezes, pergunto-me se essas civilizações antigas não teriam razão. Como ontem: vendo um documentário na RTP2, em que ouvi e fui surpreendido por uma pérola de sabedoria existencial. Um jovem repórter entrevistava o Sr. Fernando Alves, portista ferrenho e conhecido a nível nacional como o «Emplastro». Do diálogo, ao caso, importa isto:
— Qual é o seu sonho? – pergunta o jovem repórter.
— O que é um sonho? – volveu o Fernando.
E não pude, de todo, deixar de pensar na velha de Voltaire…
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 8:10:00 da tarde 1 comentários
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Publicada por Virgilio Brandao à(s) 2:01:00 da manhã 0 comentários
Etiquetas: humana conditio, o meu poeta, perplexidade, sociedade
A intolerância religiosa não é apanágio do islão; assim como o (des)respeito pela liberdade de expressão da Europa. Ah, não! Em Santiago – do Chile, sim… pois no de CV cairia o Carmo e a Trindade (?) – um par de modelos do estilista Ricardo Oyarzun vestidos à virgem Maria causaram uma polémica considerável e escandalizaram os conservadores da nação. Estes recorreram ao Tribunal, tentando impedir a actividade artística, sem sucesso.
É velha luta entre a liberdade de expressão e a liberdade religiosa e onde acaba um e começa outro. Uma vexata quaestio. O que vale é que se respeita as instituições democráticas, como definidas pelas constituições e pelas leis; o que é, de todo, um ganho civilizacional considerável pois implica uma ponderação de interesses, a sua concordância prática e a realização da liberdade. É caso para dizer: Y viva Chile! O que não me admira, pois é um dos países onde existe uma doutrina sustentada sobre os direitos fundamentais da pessoa humana.
Ah, esquecia: como se a virgem Maria não tivesse mamas… aquelas que alimentaram Jesus Cristo e o seus irmãos, Tiago, Judas...
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 1:51:00 da manhã 0 comentários
Etiquetas: cultura, humana conditio, religião, sociedade
Publicada por Virgilio Brandao à(s) 12:38:00 da tarde 2 comentários
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Publicada por Virgilio Brandao à(s) 12:17:00 da tarde 3 comentários
Etiquetas: cultura, história, humana conditio, politica, sociedade