O MEU POETA E A FESTA BRAVA
O meu poeta convidou-me a ir à festa brava. Recusei. Acho um crime o que fazem aos touros, a desigualdade de armas que enfrentam os desgraçados, a dor que sofrem... e o meu poeta sempre pensou assim; não percebo o seu convite.
– Olha que, segundo o Albino Forjaz de Sampaio, tudo tem um preço VB – diz-me o meu poeta, tentando convencer-me.
– Não meu poeta, não é assim… volvo, pensativo mas convicto.
Então o meu poeta agarrou numas fotos e mostrou-mas. E cá fiquei a pensar se não deverei ir ver esta nova festa brava… mas chego à conclusão natural de que o Albino Forjaz de Sampaio não tem razão e que estará a contaminar o meu poeta com ideias cínicas. Digo não, novamente.
– Mas VB... e o teu princípio de natureza, a tua ideia de belo... – assalta-me o meu poeta.
– Meu poeta, contra a vida não há príncipios, como sabes.
Amuou, o meu poeta. Sabe que este não é definitivo.
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